Depressão, exercício e redução da mortalidade

 

De acordo com investigadores da Universidade de Parma (Itália) e da Universidade Estadual de Iowa, as pessoas que sofrem de depressão morrem em média 10 anos mais cedo do que indivíduos não deprimidos. Esta estatística tem pouco a ver com o suicídio, na realidade está mais relacionada com doenças cardiovasculares.
Claramente, é difícil de ter em conta todos os fatores que influenciam este fenómeno, mas podemos apontar ao facto de que a depressão se encontra associada a estilos de vida que aumentam o risco de doença cardíaca, nomedamente uma má dieta, uso de tabaco e álcool em demasia, má aderência aos medicamentos, e penso em grande escala a falta de atividade física. Nãe é difícil concluir que um doente deprimido passa menos tempo em atividade física, mantém mais hábitos sedentários, e está em pior forma física, o que acarreta um maior risco para doenças cardio-respiratórias.
Daí que adicionalmente aos medicamentos que receito, e psicoterapia quando apropriado, quase sempre recomendo ao doente deprimido que aumente a sua atividade física, não só como medida preventiva para a saúde geral, mas também como medida terapêutica direta para o seu estado de espírito “em baixo”. O exercício não só melhora a forma física cardiovascular, mas também ajuda a perder peso, melhora a homeostase (com redução da atividade inflamatória), melhora o metabolismo, reduz a tensão arterial, e claramente reduz o número e intensidade dos sintomas depressivos. Mais ainda, quem faz exercício regularmente fuma menos, usa menos drogas, e bebe menos. Como resultado, a probabilidade de sofrer de doença coronária, acidente vascular cerebral (stroke), insuficiência cardíaca, e diabetes reduz-se a níveis muito mais baixos. 
E qual o exercício melhor para os deprimidos? Só tenho uma recomendação: qualquer exercício que lhe dê prazer. A probabilidade de se manter a fazer exercício regularmente a longo prazo melhora se o leitor tirar alguma alegria no exercício que faz, caso contrário ao fim dumas semanas vai tudo pelo caminho das resoluções de Ano Novo e das suas (não) idas ao ginásio. Mesmo pessoas com grande depressão, que geralmente sofrem de sintomas de anedonia, ou seja reduzida capacidade de sentir prazer, conseguem sentir agrado e satisfação ao fazerem algum exercício. O segredo é integrar no plano de tratamento não só especialista de saúde mental, mas também fisioterapeutas e treinadores pessoais, e convencer até a classe médica que exercício é também tratamento nestes casos.
Haja saúde!