O PS de Pedro Nuno Santos à beira de ceder perante a AD

 


Sempre duvidei da realidade da garantia dada pelo Secretário-Geral do PS na noite das eleições para deputados à Assembleia da República: seria quase impossível vir a aprovar o futuro Orçamento do Estado para 2025. E isto porque logo nessa noite se percebeu que o PS pretendia deixar o poder rapidamente e em força. De resto, uma atitude cujas raízes já vinham da governação de António Costa, e que esta eleição de hoje, de Úrsula von der Leyden, ajudou a perceber, qual cereja no topo do bolo.
Qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que a atual governação, para lá de coisas menos importantes, tem um objeto central e que é o seu e desde há décadas: pôr um fim no Estado Social, mormente através da privatização máxima dos cuidados de saúde. No fundo, ir ao encontro dos desejos da liderança da União Europeia, e que António Costa conhecia muitíssimo bem. Simplesmente, não podia ser o PS a operar a destruição do Estado Social pelo que era imperativo deixar o controlo da governação. Seguir-se-ia, naturalmente, a AD, que se encarregaria de operar esse desiderato.
Ora, está já visível que o PS de Pedro Nuno Santos se prepara para viabilizar o Orçamento do Estado para 2025, supostamente após cedências do Governo... Trata-se, porém, de uma mistificação, porque se assim não fosse, já o PS andaria por aí gritando alto o que está a passar-se com o Serviço Nacional de Saúde, objetivamente a ser conduzido à sua própria razão de deixar de existir. Do PS de Pedro Nuno Santos, todavia, o que se ouve é…silêncio.
Com um pouco de memória, também nos damos conta de que os jornalistas já não precisam de perguntar à liderança do PS o que Mário Crespo, no JORNAL DAS NOVE, perguntou a Maria de Belém: o PS está em condições de garantir aos portugueses que, se vier a governar, reporá em funcionamento o SNS? Agora, esta pergunta, de facto, já não se justifica, porque o PS de Pedro Nuno Santos assiste, quase silencioso, à destruição, até visível e rápida, do SNS.
Tudo isto, hoje a passar-se entre nós, mostra como Mariana Mortágua até acaba por ter razão, nas suas palavras de hoje: se a Esquerda não se bater para ser alternativa, a alternância democrática irá desaparecer. E a verdade é que do PS a reação ao convite para uma possível unidade da Esquerda contra o projeto da Direita nem sequer chegou. Se de Adalberto veio uma condenação da ideia, de Sérgio veio reação similar. No fundo, ninguém do PS surge a terreiro a defender uma estratégia destinada a tentar pôr em ação um programa da Esquerda contra a destruição atual do Estado Social. E a razão é simples: há muito o PS terá garantido em Bruxelas que iria deixar o poder, a fim de que a Direita ao mesmo chegada fizesse o seu trabalho. É por tudo isto que a democracia decresce aos olhos dos cidadãos.
Por fim, uma notinha muito complementar, mas ligada a tudo isto. Num dia destes, José Azeredo Lopes referiu certo estudo global internacional ao redor da opinião dos cidadãos de países os mais diversos sobre o apoio à Ucrânia, tendo ficado admirado – objetivamente, não percebi a causa desta reação – com as maiorias já não apoiarem este caminho político. Bom, fiquei admirado, porque a generalidade da nossa grande comunicação social há muito opera uma artificial propaganda contra a Federação Russa, contra a China, contra a Hungria, contra a Bielorrússia, etc., embora nem se detenha por segundos sobre o Holocausto israelita sobre os palestinos de Gaza e da Cisjordânia.
É realmente preciso viver na Lua para, perante um ambiente de mentira internacionalmente organizado, todavia deveras evidente, se pretenda esperar que os cidadãos apoiem o rumo de uma guerra sem fim, exceto no número de mortes, feridos e destruição a toda a prova. A representatividade política das democracias há muito minguou para níveis por muitos nunca imaginados, mas as pessoas ainda dispõem de inteligência para pensar no que lhes é contado.