Os Fusíadas da América do Norte (4)

 

A comissão organizadora do quarto convívio, chefiada por Liberal Batista, no decorrer do ano de 1996 deu seguimento aos projetos iniciados no ano anterior. Assim, em fevereiro daquele ano, mais precisamente no domingo, dia 18, realizou-se em New Bedford, no New Bedford Sports Club, um almoço dançante para angariar fundos a suportar as bolsas de estudo.
Comparando os moldes do processo da atribuição das bolsas, como se fez naquele ano com aqueles que se lhe seguiram, houve várias diferenças. Mudanças para melhor. Aquelas que só a experiência nos pode oferecer.
No convívio de 1995 estiveram à disposição de todos os formulários de inscrição, que deviam ser preenchidos e entregues aos responsáveis no mesmo dia. Os aplicantes, como primeira regra teriam de ser naturais, ou descendentes de naturais, do concelho da Ribeira Grande – regra que poderia envolver minimamente um antepassado, até à  terceira geração. A partir daí, um júri composto por membros ligados ao sistema escolar faria uma seleção.
Segundo notificou o jornal Portuguese Times (edição de 22 de Fevereiro), “(...) de um total de 18 candidatos às bolsas, foram selecionados cinco finalistas e entre estes os dois que foram contemplados: Joyce Costa e Jessica Raposo.”
O mesmo jornal elogia os ribeiragrandenses pelo interesse de ingressar os filhos no ensino superior, atendendo ao apresentado número de candidatos.
Informava também que até ao dia 29 de junho daquele ano os bolseiros teriam que apresentar toda a documentação necessária, como por exemplo, a matrícula em estabelecimento de ensino superior, ou certidão de frequência do mesmo.   
Por sua vez, o semanário de Fall River, O Jornal, publicando a mesma notícia do jantar de angariação de fundos, imprimiu no papel mais esta informação:
“Surpreendentemente apareceram na sala os senhores Padre Edmundo Pacheco e o Advogado Dr. Eduardo Vieira, antigos convidados de honra do Convívio Ribeiragrandense, que foram muito aplaudidos pelos presentes.”
De facto, foi uma verdadeira surpresa porque ninguém por eles esperava. Parece que andavam por aqui à deriva, no bom sentido, claro, não esquecendo que são momentos como estes, inesperados, que fazem vibrar a multidão.
O Dr. Eduardo Vieira, por si, é um símbolo vivo da Ribeira Grande. Mas o Padre Edmundo Pacheco era uma bandeira açoriana hasteada em mastro fuseiro, que todos, ou quase todos os micaelenses conheciam.
No mês de Abril começou a ser visto em montras de casas comerciais da cidade dos teares um cartaz a preto e branco, anunciando mais um evento a realizar pelo “Convívio do Concelho da Ribeira Grande”.
Este nome da organização foi muito utilizado naquele ano de 1996, mesmo contra a vontade de alguns que preferem um português mais sólido e com todos os pontos nos “is”. Mas uma comissão composta por gente com várias maneiras de pensar, reunida sob regime democrático, resolve os assuntos postos na mesa, cada um dá o seu palpite, vence a maioria, e pronto, acabou!
Éramos nós, o que viemos a ser “Amigos da Ribeira Grande-USA”, em que “USA” podia ser substituído por “EUA”, e “Amigos da” também podia dar lugar a “Friends of”.
Seja como for, foi como foi. Um ano depois todos estavam satisfeitos.
Fio retomado à meada, o tal cartaz a preto e branco era a divulgação de mais uma “festa pequenina”. Desta vez a ter lugar aos 4 de Maio, no salão de festas da Associação Académica de Fall River.
Para além de angariar mais fundos, este jantar dançante serviu também para a entrega das bolsas de estudo aos alunos premiados no dia 18 de fevereiro.
No nosso arquivo pessoal, segundo um comunicado à imprensa, recolhemos estas informações sobre a “festa pequenina” de 4 de Maio: 
“(…) Constou de mais uma reunião de ribeiragrandenses, e cerca de 200 pessoas estiveram presentes na pitoresca sala da Associação Académica de Fall River”.
Foram entregues as duas bolsas de estudo, no valor de mil dólares cada uma, às meninas Jessica Raposo e Joyce Costa.
A certa altura foi anunciada uma novidade: O “convívio” pretende criar um grupo folclórico infantil. Dizia o comunicado:
“Faz-se aqui um apelo a todos os pais naturais daquele concelho que estiverem interessados a fazer os filhos participar. Basta contactar o sr. José Carlos Moniz (...)”
Boa tentativa, mas a iniciativa falhou por falta de interesse.
Aos 2 de junho daquele ano de 1996, na ilha de São Miguel, o jornal Correio dos Açores, na sua secção de notícias da Ribeira Grande, fala de uma tentativa de aproximação entre ribeiragrandenses residentes na ilha com aqueles que vivem na diáspora:
“Por amável informação do Presidente da Assembleia Municipal, sr. Dr. António Crispim Borges da Ponte, foi aprovado por unanimidade, na última reunião daquele Órgão, a iniciativa de se efetuar anualmente, nesta cidade, um convívio com emigrantes, naturais ou descendentes de Ribeiragrandenses, estabelecendo-se uma agradável confraternização, à semelhança do que se vem fazendo na Nova Inglaterra.
Mais ficou decidido que este ano, esse convívio será por ocasião  do Feriado Municipal, e, de futuro, seria escolhida outra data adequada.
Outrossim, deliberou-se que os alunos mais bem classificados da Escola Secundária e da Escola Preparatória, desta cidade, passem um período de férias nos Estados Unidos.
Esta iniciativa, que é de louvar, estabelecerá uma saudável ‘ponte’ com os nossos emigrantes, ao mesmo tempo que se realiza uma ‘resposta’ ao que se faz anualmente na Nova Inglaterra, no mês de Novembro.”
Sendo esta notícia divulgada no domingo, 2 de junho, a reunião da Assembleia Municipal teria sido na última semana de maio. Nesta altura o autor destas notas já era um membro bastante ativo dos Amigos da Ribeira Grande, e nada, nem ninguém o informou acerca destas pretensões do mês de junho, quando se celebra o feriado municipal, a 29. Uns meses depois, sim, ouviu-se qualquer coisa. Havia um tal projeto, mas surgiram prioridades, e aquilo seria algo a combinar. De certo para se realizar no ano seguinte. Como tudo, acabou por esquecer.
“Ecos e Notícias”, na página ribeiragrandense do jornal Terra Nostra, de 7 de novembro, fala do IV Convívio de Ribeiragrandenses nos Estados Unidos:
“Na sequência do que já aconteceu em anos anteriores, vai realizar-se no próximo dia 10 de novembro o IV Convívio dos Naturais do Concelho da Ribeira Grande, residentes nos Estados Unidos, o qual terá lugar na cidade de Fall River.
Para participarem naquele encontro foram convidadas diversas entidades, sendo a comitiva da Ribeira Grande composta pelos seguintes elementos:
Filomeno Gouveia, em representação da Câmara Municipal; Norberto de Oliveira Gaudêncio, na qualidade de Presidente da Junta de Freguesia da Ribeira Seca e da Direção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande; Eng. António Tavares Vieira; António Borges Ferreira, em representação da Junta de freguesia da Matriz; Luís da Motta Faria, em representação do Banco Comercial dos Açores; Fernando Manuel Raposo Maré, em representação do Balcão na Ribeira Grande do Montepio Geral.
Algumas das entidades acima referidas fazem-se acompanhar das suas esposas.
Do respetivo programa consta uma missa na Igreja de Santo Cristo, que será celebrada pelo pároco da Conceição, Padre Edmundo Pacheco, ao que se seguirá uma Hora Social e almoço no Restaurante White’s of Westport.
Para além do importante convívio entre os Ribeiragrandenses residentes nos Estados Unidos e os que compõem a referida comitiva, está ainda prevista a concessão de bolsas de estudos a estudantes naturais do concelho da Ribeira Grande.
Do que será esse encontro esperamos dar uma informação detalhada em próximo número.” 
   
Aproveitamos a dica e dizemos: “Por hoje é tudo”. Haja saúde!

Fui ao Fuso, ver as Fusas
E em Fuso, Fusas vi.
Agora, se me recusas,
Deixo de gostar de ti.