Transportes marítimos

 

Os transportes marítimos de/e para o Corvo sempre foram muito  difíceis, quer com a vizinha ilha das Flores, quer com as outras ilhas açorianas ou com Portugal continental. O mau tempo, aliado a portos de reduzida dimensão e com poucas condições operacionais, fazia com que os navios, no Corvo chamados ainda nos nossos dias de «vapores», muitas vezes não conseguissem fazer o embarque e desembarque de passageiros e da pouca mercadoria que chegava à ilha.
Sem cais acostável, era necessária a utilização de lanchas de desembarque: pequenos barcos de boca aberta, movidos à vela ou/e a remos primeiro e rebocadas por embarcações motorizadas mais recentemente.
Quando as viagens não se conseguiam efectuar, ou quando as pessoas achavam que estas não iriam acontecer devido ao mau tempo, usava--se uma expressão que ficou famosa entre os corvinos e aqueles que se deslocavam à ilha: «Hoje aqui, amanhã no Corvo», referindo-se à impossibilidade de deixar a ilha, algumas vezes por dias, ou mesmo por semanas.
Foi já no século xx que os navios de cabotagem começaram a fazer escalas regulares na ilha, inicialmente nos meses de Fevereiro, Maio, Junho, Julho, Agosto e Outubro.
A partir da segunda década do século passado, o Corvo passou a ser escalado mensalmente por navios, como o «Cedros», o «Arnel», o «Gorgulho», o «Girão», o «Carvalho Araújo», o «Monte Brasil», o «Ribeira Grande» e o «Ponta Delgada» que foi o último navio de maior porte a fazer escalas regulares no Corvo, datando a última viagem de 1984. A partir desta altura, iniciou-se um novo ciclo nos transportes marítimos, com as mercadorias e os passageiros a chegar ao Corvo a partir da ilha das Flores.
A descarga das mercadorias e o desembarque dos passageiros desses navios através das lanchas de desembarque que mencionámos, era muitas vezes feita em condições extremamente difíceis, quer pela pequena dimensão das lanchas, quer pelas condições do mar.
Até 1984, o embarque de gado bovino para navios de cabotagem, durante décadas fundamental para a sobrevivência económica dos corvinos, era feito em barcos de boca aberta, rebocados por uma embarcação motorizada e içados numa funda, uma lona segura nos extremos por dois paus de madeira, posteriormente atados por uma corda para o barco que os haveria de transportar até Lisboa. Era um processo difícil e doloroso para os animais que não raras vezes acabava com o animal no mar.
A partir dessa data, tal como o restante movimento de mercadorias, a exportação do gado bovino passou a ser feito através da ilha da vizinha. O gado era transportado do Corvo para as Flores em embarcações sediadas nessa ilha. Daí partia com destino a Lisboa. 
Esta situação mantém-se se até à actualidade. Quanto aos transportes marítimos de passageiros só existem para a vizinha ilha das Flores. São feitos através do “Ariel”, uma embarcação cabinada com capacidade para 12 passageiros e através de semi- rígidos que de Verão fazem várias viagens diariamente.