
A reduzida dimensão da ilha do Corvo, aliada ao seu isolamento, marcaram e continuam a marcar fortemente o modo de vida destas gentes.
O Corvo é único na sua forma de viver. Todos se conhecem, tudo se sabe, tudo se comenta.
Vive-se serenamente, sem pressas, vagarosamente, num ritmo compassado e pensado. No Corvo de hoje não há fome. Não há ricos demasiadamente ricos nem pobres demasiadamente pobres. Longe vão os tempos em que a junça servia de pão e que de tanto andarem descalços graúdos e miúdos, tinham os pés rijos, muitas vezes com feridas profundas.
As pessoas são simples, inteligentes e gratas com quem acham que merece e hostis com quem consideram ingratos. São felizes. Os risos, as gargalhadas e os burburinhos aliados aos odores fortes das couves da barça, do peixe frito ou do leite.
Os mais velhos são tratados por “tios”, sinal de respeito. Alguns ainda se sentam ao entardecer no Outeiro, local onde outrora quase todos iam e onde conversavam sobre tudo e sobre nada.
As crianças brincam livremente nas ruas. No Verão, estas vão ao “banho” para o Boqueirão. Alguns jovens, poucos, ainda vão ajudar os pais nas terras.
Os tempos são outros. As pessoas vestem roupa de marca, usam telemóveis e computadores da última geração. Vão de mota ou de carro à pista ver o avião, ou ao cais ver os semirrígidos. No Verão, a vila agita-se com a chegada de muitos turistas e alguns emigrantes.
As esplanadas, cafés e restaurantes enchem-se. Há vida, muita vida. Há fartura que faz esquecer a miséria de outros tempos.
É o Corvo do século XXI. Um Corvo moderno, pleno de vida e progresso.
