Ano 2024 - Ano da Oração

 

Estamos em pleno ano da oração decretado pelo nosso Papa Francisco. Muita gente ainda não se apercebeu deste facto porque quase não se fala dele. Ando tudo obcecado com outros temas e reflexões, que acabamos por perder o rítimo universal de caminhada da nossa Igreja católica. O que não deixa de ser um empobrecimento eclesial e o desperdiçar de uma oportunidade de ouro de nos recentrarmos nos temas que nos são propostos pelo próprios Papa.
Depois do ano dedicado à reflexão sobre os documentos e ao estudo dos frutos do Concílio Vaticano II, por proposta do Papa Francisco, o ano de 2024 é o Ano da Oração. O Santo Padre anunciou-o no passado dia, 21 de janeiro de 2024, por ocasião do Quinto Domingo da Palavra de Deus. Já na sua Carta de 11 de fevereiro de 2022, dirigida ao Pró-Prefeito, Sua Ex. Rev.ma D. Rino Fisichella, para encarregar o Dicastério para a Evangelização do Jubileu, o Papa tinha escrito: «Desde já, apraz-me pensar que o ano que precede o evento jubilar, 2024, possa ser dedicado a uma grande ‹sinfonia› de oração. Antes de mais, para recuperar o desejo de estar na presença do Senhor, de o escutar e de o adorar». 
Portanto, no caminho de preparação para o Jubileu, as dioceses são convidadas a promover a centralidade da oração individual e comunitária. O que é que as dioceses estão a fazer, de concreto, para vivermos este ano da oração? Quais as propostas e sugestões apresentadas para darmos aos nossos cristãos meios para, em conjunto, reflectirmos um tema tão caro à nossa vida cristã, a oração. 
Muito sinceramente, pelo que vou acompanhando, este ano da oração está a passar ao lado. Não se percebem dinamismos concretos que coloquem todas as Dioceses e Paróquias a refletir, a aprofundar, a estudar e a rezar dimensão tão importante para alimentar a nossa fé cristã.
Assim não vamos lá. Podemos fazer muitas coisas. Podemos pensar nos melhores planos pastorais. Podemos construir dos melhores centros sociais e paroquiais. Podemos realizar as maiores festas populares em honra dos santos. Podemos continuar a celebrar os sacramentos. Podemos angariar fundos financeiros para as Dioceses… Se não rezarmos, tudo é em vão. Tudo não passa de planos dos homens. Tudo não passa de boas ideias e projectos. É na oração e no discernimento da vontade de Deus que conseguiremos encontrar o caminho certo e seguro para a renovação da nossa igreja e da nossa pastoral. Sem espaço e tempo para a oração, tudo não passa das coisas dos homens e do mundo.
Infelizmente, nos dias que correm, temos tempo para tudo, menos para nos reunirmos em oração. Reunimo-nos para tudo e mais alguma coisa. Delinear projectos. Definir construções. Organizar festas. Contar dinheiros e prestar contas. Organizar a catequese e a formação. Preocuparmo-nos com a viabilidade financeira das paróquias… Mas não nos conseguimos reunir para rezarmos, em espírito e em verdade. Até, muitas das nossas reuniões começam sem a invocação do Espírito Santo! Estranho não é!
Tornamo-nos, muitas vezes, meros fazedores de coisas. E de tantas outras coisas. Quando uma grande parte desses nossos cristãos colaboradores nem se quer participam na eucaristia dominical e nas celebrações orantes da comunidade. 
Não podemos deixar passar este ano em branco. Julgo importante fazermos algo nas comunidades paroquiais. Para isso bastaria uma certa organização e vontade de assinalar este ano da oração pedido pelo Papa Francisco.
Diz-nos o Santo Padre: “A oração seja, então, para cada cristão a bússola que orienta, a luz que ilumina o caminho e a força que sustenta na peregrinação que levará a atravessar a Porta Santa. Através da oração poderemos chegar com um coração pronto a acolher os dons de graça e de perdão que o Jubileu oferecerá, como expressão viva da nossa relação com Deus. Mergulhemos, pois, com a oração nesse diálogo contínuo com o Criador, descobrindo a alegria do silêncio, a paz do abandono e a força da intercessão na comunhão entre os santos”.