Adeus Fátima... até breve!

 

A notícia caiu como uma bomba! Recebo chamada da minha prima Maria do Céu Correia a informar-me: morreu a Fátima Moniz Castelo. Uma pausa de silêncio! Fiquei sem palavras! Pois tinha jantado na noite anterior (quinta-feira) com o marido, o Cris Castelo, no habitual convívio de amigos ali no Café Mimo em New Bedford. “Como está a Fátima?” - perguntámos. “Ela está a recuperar bem, a intervenção cirúrgica correu muito bem e dentro de alguns meses teremos nova consulta apenas para acompanhamento da situação”, respondeu o Cris, que momentos depois regressou a casa e pela noite dentro foi quando tudo aconteceu e quando a ambulância chegou à sua residência já a Fátima partira para o Além.
O último contacto presencial que mantive com a Fátima foi durante uma visita ao Charlton Memorial Hospital, em Fall River, quando fui visitar o marido, o meu amigo Cris Castelo, se não me falha a memória, em agosto deste ano.
A notícia correu rapidamente pela comunidade e de Portugal até me contactaram, algo incrédulos com a triste notícia.

Amizade de longa data

Conheci a Fátima ainda na idade da infância/juventude, em São Miguel. Minha contemporânea, a Fátima, que é natural da Achadinha, Nordeste, prosseguiu os seus estudos no Convento da Esperança, quando eu dava entrada no antigo Seminário-Colégio Santo Cristo, em Ponta Delgada. Mantivemos uma amizade pura, sã, como família e depois, em finais de 1977 encontrei a Fátima no aeroporto de Boston. Resolvera, tal como eu, imigrar para os EUA, onde já tinha aqui alguns familiares. Tempos depois frequentámos juntos o Bristol Community College, em Fall River. 
Depois, já quando eu trabalhava aqui no Portuguese Times, a Fátima ingressa na WJFD, onde, naturalmente ajudada por vários colegas nesta sua primeira experiência na rádio, se revelou como excelente apresentadora, dotada de boa voz, suave, bom português, com uma atitude humilde, meiga tendo logo aí angariado muitas amizades e admiração.
Tempos depois ingressou na Rádio Voz do Emigrante, de Fall River, onde manteve-se sempre até um dia antes da sua partida. Colaborei com ela durante vários anos nesta estação radiofónica portuguesa às quartas-feiras, com novidades sobre Artes & Espetáculos. 
Ao longo dos anos a nossa relação foi de grande empatia, de respeito mútuo e acima de tudo, de uma amizade próxima, afetiva, como de família. Ganhou o respeito, admiração e amizade de todos aqueles que conviveram de perto. Vai certamente deixar saudades.
Não podia deixar passar esta oportunidade sem prestar o meu pequeno mas simbólico preito de homenagem à Fátima.
Muito mais haveria para dizer sobre ela! Sobre o impacto positivo que teve na família e muitas amizades que viam nela uma pessoa autêntica, frontal e sempre disposta a ajudar quem quer que fosse.
Descansa em paz, querida amiga Fátima. Até breve!

 

Thanksgiving solidário

Estamos a uma semana de celebrar o Dia de Ação de Graças, mais conhecido nos EUA por Thanksgiving, uma das melhores épocas do ano que nos leva a sermos gratos por tudo aquilo que recebemos: a família, os amigos, a saúde, o bem estar e outros “acessórios” que tornam agradável esta curta passagem terrestre. Devemos, por isso, agradecer a Deus tudo o que recebemos de positivo e até mesmo de menos bom, porque é nos momentos difíceis que nos tornamos mais humanos, mais amadurecidos na nossa condição humana e sobretudo é nesse enriquecimento de experiências vividas que apreciamos os momentos bons da vida.
Há dias perguntaram-nos como é que a comunidade celebra este dia especial de ação de graças. É vivido precisamente com os nossos entes queridos e amigos que nos reunimos à mesa agradecendo a Deus o privilégio de termos ainda família, ao mesmo tempo que lembramos os entes queridos que já partiram para o Além. Depois, bom: haja apetite para devorar o peru bem regado com sumo de uva ou outro líquido qualquer, se bem que para muitos portugueses a preferência é o velho amigo bacalhau, tal como no Natal.
O Thanksgiving é também tempo para sermos solidários e nos tempos de hoje, há pessoas e famílias inteiras em dificuldade. Por tal motivo é de louvar as ações de solidariedade para com estes mais necessitados por parte de algumas organizações portuguesas, religiosas e cívicas, nomeadamente a Sociedade Cultural Açoriana, de Fall River, que com um numeroso grupo de voluntários distribuem refeições de peru a muita gente que precisa realmente da nossa ajuda. Bem hajam ao corpo diretivo, massa associativa e voluntários desta presença cultural açoriana, o mesmo podendo dizer-se em relação à Casa dos Açores da Nova Inglaterra e muitas outras organizações e grupos que se mantêm no anonimato.
No palco mundial vivemos tempos particularmente difíceis e conturbados, com guerras na Ucrânia e na Palestina, para já não falarmos na martirizada África, com milhares de vítimas inocentes, consequência de uma tremenda falta de respeito pela vida humana, pela ganância e ambição desmedida ao poder e da doutrina de olho por olho, dente por dente e do vale tudo. Há quem já tenha perdido esperança pela humanidade. Mas nós ainda acreditamos que melhores tempos virão. Há que ter esperança e há que acreditar sempre. Não há outra alternativa. Não é obrigatório amarmos uns aos outros mas ao menos que nos respeitemos uns aos outros. Respeito pelas diferenças de toda a ordem, porque ao fim e ao cabo somos todos iguais.
Da nossa parte, do PT, o momento é para agradecer a todos aqueles que contribuem para a manutenção deste órgão de comunicação social em língua portuguesa. Feliz Thanksgiving!

- Francisco Resendes