A visita de José Bolieiro a Massachusetts e Rhode Island


O presidente do Governo Regional dos Açores presidiu domingo, ao almoço comemorativo do 30º aniversário da Casa dos Açores da Nova Inglaterra, que teve lugar no Centro Cultural em Fall River e onde marcaram presença diversas entidades municipais e estaduais e ainda representantes das mais diversas organizações lusas da Nova Inglaterra, naquela que foi a sua primeira visita na qualidade de chefe do Executivo açoriano aos EUA.
José Manuel Bolieiro, que veio acompanhado do vice-presidente Artur Lima, do diretor regional das Comunidades, José Andrade e de Rui Faria, presidente da Associação dos Emigrantes Açorianos, aproveitou a sua estadia nos EUA para avistar-se com empresários luso-americanos, dirigentes associativos e ainda com altas entidades municipais e estaduais, como nos dá conta, em apontamento de reportagem mais desenvolvido o nosso repórter Augusto Pessoa.
Na sua visita ao DeMello International Center em New Bedford, o presidente do GRA enalteceu a forma como a comunidade portuguesa e açoriana mantém as suas raízes, ao mesmo tempo que se integra no processo cívico e político no país de acolhimento, salientando o sucesso individual e coletivo nos vários ramos de atividade. “Esta é uma comunidade que honra, prestigia o nome de Portugal e dos Açores pelo sucesso que cada um alcançou nesta terra de acolhimento, de forma individual, com as suas famílias, empresas e atividades e ainda pela forma como esta comunidade preserva as suas raízes e a sua identidade”, referiu Bolieiro, que abordou as relações com a diáspora.
“Queremos desenvolver uma relação cada vez mais intensa com a nossa diáspora e estamos disponíveis para receber todas as aportações que possam potenciar o desenvolvimento da Região mas também de toda a comunidade açoriana e descendente de açorianos espalhados pelo mundo”.
No entanto, instado a comentar a difícil situação da SATA, o governante açoriano apenas garantiu o total apoio do seu governo no sentido de procurar uma solução, de acordo com os regulamentos e parâmetros da Comunidade Europeia na busca de um plano sustentável para a empresa, e em relação à operação para a América do Norte (Boston e Toronto), não adiantou muito, embora mostrando-se confiante na sua continuidade. Sabe-se que salvar a SATA é totalmente prioritário para o governo açoriano, mas há que obedecer aos regulamentos do plano orçamental de rentabilidade e sustentabilidade da empresa. É que isto agora “pia mais fininho” e a Comissão Europeia não permite de forma alguma ajudas concedidas pelo governo à SATA.
Outro dos assuntos abordados ao presidente do Executivo açoriano foi a introdução da Tarifa Açores, que não só tem promovido uma identidade açoriana mais forte como tem sido benéfico para um maior conhecimento dos açorianos da sua terra e para o desenvolvimento económico das restantes ilhas nomeadamente em sectores como  a hotelaria e restauração.
“Só se ama o que se conhece”, justificou, lembrando que, com esta medida, qualquer residente nos Açores pode visitar duas ilhas diferentes por um preço máximo de até 60 euros, ida e volta... Os Açorianos precisam de oportunidade de se conhecerem e conhecerem as várias ilhas. Isso faz-se, acima de tudo, pela via aérea”, referiu. 
No entanto ficou por esclarecer se os açorianos da diáspora terão direito à tarifa única inter ilhas. Ou seja, a décima ilha, a que contribui largamente para o desenvolvimento a todos os níveis daquele cantinho que lhe é querido, não usufrui dessa regalia.
A descontaminação dos solos e dos aquíferos nos terrenos adstritos à base militar das Lajes foi outro assunto abordado, com o vice-presidente do GRA, Artur Lima a declarar ser “muito expectante” com a próxima reunião da Comissão Bilateral Permanente, a suceder dia 17 deste mês de dezembro. “É um processo de luta permanente, de negociação diplomática, que envolve a Região e o Estado Português, e temos de ser muito determinados na nossa intenção de mitigar a contaminação, embora sempre com atenção ao relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos da América. Temos de ser determinados e duros na negociação, essa é a minha postura”, prosseguiu o Artur Lima adiantando que os norte-americanos deram um “passo pequenito” na Bilateral tida no verão, com a garantia da realização de um estudo sobre a situação da contaminação de solos e aquíferos, mas haverá, da parte dos Açores, uma “postura mais exigente” na procura de uma solução que permita “mitigar” o problema. “Não é uma solução nada fácil, é muito complicada”, concluiu o vice-presidente do GRA.
De referir ainda que, na sua visita ao DeMello International Center, José Bolieiro teve ainda oportunidade de visitar a sala Amigos do Nordeste, na companhia do presidente da comissão organizadora dos convívios nordestenses pela Nova Inglaterra, o empresário Tony Soares.

Apresentação de livro sobre 
a emigração açoriana para os EUA

Depois do encontro em New Bedford, José Manuel Bolieiro, Artur Lima  e José Andrade, deslocaram-se à Casa dos Açores da Nova Inglaterra, em Fall River, para o lançamento do livro sobre a emigração Açoriana para os EUA (“Volume 1 — De Colombo à Primeira Guerra”), editado pela Associação dos Emigrantes Açorianos e de autoria de Eduardo Pereira Medeiros, com Onésimo T. Almeida a fazer a apresentação do livro e em que intervieram ainda Rui Faria, presidente da Associação dos Emigrantes Açorianos, José Manuel Bolieiro e o próprio autor, Eduardo Pereira Medeiros, que no final da sua intervenção salientou: “Este livro é dos açorianos, sobre os açorianos e para os açorianos”, disse o autor, que concedeu uma breve entrevista ao PT, a ser publicada brevemente e numa noite que teve ainda a abrilhantar musicalmente o excelente músico açoriano João Moniz.
Na manhã de domingo, José Bolieiro e restante comitiva teve um contacto com representantes dos órgãos de comunicação social que servem as comunidades açorianas, num pequeno-almoço no Café Zara, em East Providence, propriedade de um jovem casal açordescendente.
Bolieiro destacou a importância da comunicação social lusa da diáspora no reforço das ligações dos povos entre os dois lados do Atlântico e da açorianidade.
“Mesmo num tempo em que as renovações tecnológicas, das redes sociais, dos live streams, enfim tudo o que é acesso direto, devo dizer que a ética democrática, a deontologia profissional que a comunicação social organizada assegura é inestimável. O papel do jornalista e do órgão de comunicação social que faz a ponderação, a intermediação entre a ponte e depois a preparação desta informação e formação cívica para os leitores, para os ouvintes e telespetadores é muito importante. Direi como cidadão e como democrata que não posso prescindir do papel mediador, objetivo e independente da comunicação social”, sublinhou o presidente do GRA.

Casa dos Açores da Nova Inglaterra
autêntica embaixada de açorianidade e desafio às novas gerações

Na sua intervenção no almoço do passado domingo que assinalou o 30º aniversário da Casa dos Açores da Nova Inglaterra, José M. Bolieiro, depois de saudar a atual direção presidida por Francisco Viveiros, todos os antigos presidentes e diretores e açorianos em geral, referiu que a CANI é uma autêntica embaixada de açorianidade e no fim da sua intervenção a defender que o grande desafio da diáspora açoriana, a ser também seguido pelo governo açoriano, é “passar o legado de açorianidade” às novas gerações de imigrantes.
“Que continuem com esse entusiasmo e essa força de manter viva esta autêntica embaixada da açorianidade e lançar aqui este desafio aos atuais dirigentes da CANI e também ao Executivo açoriano a responsabilidade que temos de passar este legado às novas gerações, garantir que os mais jovens não percam a nossa raíz num desafio que, confesso, ser muito difícil e complexo mas temos de acreditar ser possível”, concluiu José Bolieiro perante os aplausos vivos dos presentes.
Resta-nos apenas saudar o presidente da CANI, Francisco Viveiros, pelo excelente trabalho em prol desta instituição cultural açoriana, que poderá voltar ao local de origem: East Providence.