Paris olímpica

 

Têm início na próxima sexta-feira (26 de julho), os Jogos Olímpicos de Verão de Paris. É a terceira vez que a competição tem lugar na capital francesa (as duas vezes anteriores foram em 1900 e 1924) e, antes mesmo de começarem, os Jogos de Paris 2024 já são considerados históricos.
Pela primeira vez a cerimónia de abertura não será num estádio, mas sim no rio Sena, que atravessa Paris. Um total de cerca de 7.000 atletas das delegações dos 200 países e regiões participantes (a Rússia foi excluída devido à invasão da Ucrânia) desfilarão em barcos por um trecho de seis quilómetros do rio entre a ponte de Austerlitz e a Torre Eiffel, e perante 320.000 espectadores nas margens do rio.
Os franceses dizem que está tudo pronto para os Jogos, já foram vendidos 8,7 milhões de bilhetes para as 45 competições e só falta acender a pira olímpica, um dos símbolos dos Jogos que evoca a lenda de Prometeu, que teria roubado o fogo de Zeus para o entregar aos mortais.
Durante a celebração dos Jogos Olímpicos Antigos, em Olímpia, na Grécia, mantinha-se aceso um fogo enquanto duravam as competições e essa tradição foi reatada nos Jogos de 1928 (Amsterdão), mas só em 1936 começou a prática de uma estafeta de atletas transportar a chama desde as ruínas do templo de Hera, em Olímpia, até ao Estádio Olímpico de Berlim.
A tocha olímpica foi acesa este ano dia 26 de abril em Olímpia, e iniciou uma jornada de cinco mil quilómetros em 11 dias pela Grécia, por vários lugares históricos do olimpismo e transportada por atletas olímpicos medalhados franceses e gregos até ao estádio Panatenaico de Atenas, o mesmo que acolheu a primeira Olimpíada da era moderna, em 1896.
No estádio, o fogo simbólico foi entregue pelo presidente do Comité Olímpico grego, Spyros Capralos, ao presidente do Comité Olímpico francês, Tony Estanguet, com a cantora grega Nana Mouskouri cantando A Marselhesa, o hino francês e embarcou depois no porto de Atenas no veleiro francês Belem para uma viagem de 2.500 quilómetros até Marselha.
Chegada a Marselha dia 9 de maio, a tocha olímpica foi partilhada por vários atletas e entre eles a nadadora luso-francesa Nádia Gomes, que representou Portugal nos Jogos de Atenas 2004, com 15 anos, e Pequim 2008.
Nádia preside presentemente à Comissão de Atletas Olímpicos, mas nasceu em França e por isso foi escolhida para adida da missão olímpica portuguesa em França, tal como o ex-futebolista Pedro Pauleta, cabendo-lhes funções de acompanhamento dos atletas portugueses na aldeia olímpica e de ligação com a comunidade portuguesa em França.
Pauleta é atualmente diretor da Federação Portuguesa de Futebol (cabendo-lhe as seleções nacionais de formação), mas continua a ter uma escola de formação na ilha açoriana de São Miguel, onde nasceu e foi recentemente anunciado como diretor desportivo do SC Lusitânia da ilha Terceira.
Como jogador, Pauleta destacou-se a nível internacional em clubes como os espanhóis do Salamanca e Deportivo da Corunha, mas foi em França que viveu os melhores anos da carreira ao serviço do Bordéus e do Paris Saint-Germain, onde foi eleito por duas vezes como o melhor jogador da Liga Francesa de futebol.
Lenda do Paris Saint-Germain, que representou entre 2003 e 2008 (109 golos em 211 jogos), Pauletá (com sotaque francês) dá o rosto a um mural no Parque dos Príncipes e o nome a uma das salas do estádio.
Voltando à tocha olímpica, percorreu vários pontos de França, esteve nomeadamente na Normandia e chegou a Paris dia 14 de julho, feriado nacional que comemora a Queda da Bastilha que deu início à Revolução Francesa em 1789.
Paris recebeu a tocha numa cerimónia na Praça do Trocadero a que assistiu o presidente Emmanuel Macron e a chama foi levada a percorrer o Louvre, o mais famoso museu francês.
No dia 15 de julho, a tocha voltou a ser transportada por uma atleta portuguesa, a maratonista Rosa Mota, medalha de bronze em Los Angeles 1984 e campeã olímpica em Seul 1988. Foi a terceira vez que Rosa transportou a tocha olímpica e anteriormente fê-lo nos Jogos de Seul 1988 e Rio de Janeiro 2016.
Em Paris, Rosa Mota recebeu a tocha numa cerimónia presenciada por muitos emigrantes portugueses e fez a travessia da ponte de Bir Hakeim sobre o rio Sena, iniciando o trajeto perto da Torre Eiffel, onde foram instalados os anéis olímpicos de 29 metros de comprimento e 13 metros de largura.
“Gostava de dedicar este grande momento a esta grande comunidade portuguesa. De todos os símbolos olímpicos, a chama é o que mais me fascina e poder estar a partilhar convosco é inesquecível”, afirmou Rosa Mota em declarações aos jornalistas em Paris.
A tocha olímpica continua nesta altura de mão em mão por vários subúrbios de Paris, regressando ao centro da capital francesa dia 26 de julho, dia de abertura dos Jogos Olímpicos XXXIII que decorrerão até 11 de agosto, quando a pira olímpica será apagada e só voltará a ser acesa em 2028 para os Jogos de Los Angeles.

 

• Eurico Mendes