No dia 11 de dezembro de 2002, às 20h00, Kevin Haliday, 26 anos, dirigiu-se ao 402 Bearse’s Way, em Hyannis, para falar com o primo, Daniel Mendes, 25 anos, entraram num quarto e pouco depois ouviu-se um tiro e Haliday saiu do quarto correndo.

Várias pessoas correram para o quarto e depararam com Mendes no chão, ferido com um tiro na cabeça. Mendes nunca recuperou a consciência e faleceu dois dias depois no Cape Cod Hospital.

Segundo a polícia, o desentendimento entre Haliday e Daniel Mendes terá sido por causa de drogas.

Daniel Mendes, 25 anos, antiga estrela da Barnstable High School, onde praticara futebol americano e basquetebol, vivia em New Bedford, era casado com Shaeleen Pires Mendes e pai de sete filhos.

Kevin Haliday foi detido horas depois em Bourne e apresentava ferimentos de navalha na garganta e no ventre resultado de uma aparente tentativa de suicidio.

Para familiares e amigos nada daquilo fazia sentido, os dois homens eram primos, tinham crescido juntos e eram amigos. A droga terá estado na origem do conflito entre ambos. Haliday, que passou parte da adolescência na Georgia, tinha comprado três pistolas numa recente deslocação a Atlanta e uma dessas armas é que matou Mendes.

A 16 de novembro de 2004, no Tribunal Superior do Condado de Barnstable, Haliday foi condenado a prisão perpétua por homicídio em segundo grau pela morte de Mendes, mas com possibilidade de liberdade condicional após 15 anos de prisão.

Kevin Haliday apelou para o Conselho de Liberdade Condicional de Massachusetts em 2017 sem sucesso, mas em 2025 foi bem sucedido.

Em 1 de maio de 2025, o Conselho de Liberdade Condicional de Massachusetts declarou que Haliday tinha sido submetido a uma avaliação forense de saúde mental conduzida pelo dr. Dicataldo e por Nancy Moniz, que apoiaram a reinserção social do recluso.

As condições para a liberdade condicional de Haliday incluem permanecer em casa entre as 22h e as 6h; monitorização eletrónica durante seis meses; supervisão para drogas e para abstinência de bebidas alcoólicas e não ter contatos com a família da vítima.

Aliás, a família Mendes já tem os seus próprios problemas e não são poucos. O irmão mais velho de Daniel Mendes, Manuel Mendes, agora com 49 anos, foi condenado a 35 anos de prisão por tráfico de droga e está na prisão de Plymouth.

Manuel tem oito filhos, quatro raparigas e quatro rapazes de mães diferentes e espalhados por diferentes cidades. Dois desses filhos, Jordan Mendes, ao tempo com 16 anos, e Mykel Mendes, com 13 anos, viviam em Hyannis com a avó paterna, Tyranne L. Mendes.

Dia 15 de dezembro de 2008, Jordan não apareceu em casa e a avó pensou que ele estivesse com alguma namorada. No dia seguinte, Tyranne e outros familiares deram com o corpo do jovem a arder dentro de uma cova na Jennifer Lane, em Hyannis.

Segundo a polícia, Jordan foi morto a tiro e esfaqueado 27 vezes pouco depois do meio-dia de 15 de dezembro de 2008. No dia seguinte o corpo foi encharcado com gasolina, enrolado num tapete, incendiado e atirado para uma vala.

Nesse dia, Mykel chegou a casa com as chaves do quarto de Jordan, o que não era normal pois o jovem não deixava outras pessoas entrar no seu espaço. Acontece que aos 16 anos Jordan Mendes ocupava-se com os negócios de droga do pai preso e lidava com bastante dinheiro.

Pressionado por familiares, Mykel acabou por dizer onde estava o corpo de Jordan Mendes.

A polícia deteve Robert Vacher, 20 anos, Mykel Mendes e Kevin Ribeiro, ambos com 13 anos. Mykel era irmão de Jordan, ambos filhos de Manuel Mendes, mas de diferentes mães.

Os investigadores apuraram que Robert Vacher esfaqueou e baleou Jordan Mendes, enquanto os dois arguidos de 13 anos forneceram a arma e a faca e presenciaram o homicídio. Os três arguidos roubaram cerca de $10.000 que Jordan tinha no quarto, uma amiga de Vacher (Katie Roy) deu-lhes boleia e foram comprar um BMW prateado e pago a pronto.

Vacher foi o único arguido adulto do caso. O julgamento prolongou-se por três semanas em novembro de 2011, um júri do Tribunal Superior de Barnstable condenou Vacher por homicídio em primeiro grau e foi sentenciado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. O seu caso está em recurso no Tribunal de Apelação de Massachusetts, de acordo com documentos judiciais.

Como Mykel Mendes e Kevin Ribeiro tinham 13 anos à data do homicídio, não puderam ser acusados como adultos. Isto deve-se à Lei Estadual sobre Infratores Juvenis, que prevê que, embora os arguidos com 14 anos ou mais possam ser julgados como “jovens delinquentes” e sentenciados como adultos, os menores de 14 anos estão protegidos de julgamento público e, se forem considerados culpados, só poderão ser mantidos sob custódia estatal até, no máximo, completarem 21 anos.