Como vimos na edição anterior, a Casa dos Açores de Minas Gerais – a oitava do Brasil e a 19ª em todo o mundo – foi oficialmente fundada a 26 de julho de 2025, com sede na capital estadual de Belo Horizonte.

Foi fundada com perspetiva futura, mas também com fundamento histórico.

Uma marca concreta e consequente da presença açoriana em Minas Gerais ficou para a nossa história comum, há 300 anos, com as chamadas “Três Ilhoas”.

As Três Ilhoas eram três irmãs açorianas que emigraram para o Brasil, onde aportaram por volta de 1723, fixando residência em Minas Gerais, tornando-se troncos de antigas, tradicionais e importantes famílias mineiras.

As Três Ilhoas eram naturais da freguesia de Nossa Senhora das Angústias, na então vila da Horta, na Ilha do Faial, no arquipélago dos Açores.

Uma era Antónia da Graça, nascida em 1687, que foi para São João del Rei e teve quatro filhos, dando origem, entre outros, aos Junqueiras e aos Meireles.

A segunda era Júlia Maria da Caridade, nascida em 1707, que foi também para São João del Rei e aqui teve 14 filhos. Deu origem, entre outros, aos Garcias, Carvalhos, Nogueiras, Vilelas, Monteiros, Reis e Figueiredos.

A terceira era Helena Maria de Jesus, nascida em 1710, que se estabeleceu em Prados, teve 15 filhos e deu origem aos Resendes.

A propósito, por ocasião do nascimento da Casa dos Açores de Minas Gerais, decorreu em Belo Horizonte o 25º RESZENDÃO – um convívio anual das famílias Resendes e Rezendes, que descendem, exatamente, dessa nossa açoriana que aqui chegou há 300 anos.

Eis assim como nos é comum o sangue que nos corre nas veias.

Muitas das famílias de Belo Horizonte e, em geral, de Minas Gerais, terão essa origem açoriana de três séculos.

É importante fazermos esse resgate – não apenas por causa do passado, mas também, e principalmente, por causa do futuro.

O nosso desafio é colocar Minas Gerais no mapa açoriano do Brasil.

A par do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Maranhão e Espírito Santo, devíamos ter, e agora temos, uma Casa dos Açores em Minas Gerais.

Uma associação de açordescendentes e de amigos dos Açores que honra o nosso passado comum e que desenvolve novos caminhos de cooperação e intercâmbio entre o estado mineiro e as ilhas açorianas.

Tudo isso só foi possível graças a um homem, o Dr. Cláudio Motta, cofundador e primeiro presidente da Casa dos Açores de Minas Gerais.

Cláudio Luciano Valença Motta é empresário, advogado, jornalista e escritor. É um mineiro casado com uma açordescendente e tem dupla nacionalidade, brasileira e portuguesa. Cumpre a sua vocação pessoal dedicando a sua atividade profissional à construção de pontes transatlânticas entre Brasil e Portugal.

É presidente do Conselho de Relações Internacionais da ACMINAS – Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais e diretor de relações internacionais da ABRAJET – Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo, entre outras responsabilidades de interesse público.

Tivemos dois encontros, no ano passado, que foram decisivos para a criação da Casa dos Açores de Minas Gerais.  O primeiro, em maio, nos Açores, quando visitou a cidade de Ponta Delgada e reunimos na Direção Regional das Comunidades. O segundo, em setembro, em Minas Gerais, quando visitei a cidade de Belo Horizonte e reunimos no seu Instituto Histórico e Geográfico.

A partir daí, intensificámos os nossos contatos e concretizámos o nosso projeto.

Pela sua experiência e pela sua competência, pela sua dedicação e pela sua visão, o Dr. Cláudio Motta é o melhor comandante desta nossa missão estratégica, não apenas porque trouxe este barco a bom porto, mas, principalmente, porque saberá navegá-lo em muitas outras viagens futuras, com vantagem para os Açores e para Minas Gerais.

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José Andrade, Diretor Regional das Comunidades do Governo da Região Autónoma dos Açores

Texto baseado na intervenção proferida na cerimónia fundacional da Casa dos Açores de Minas Gerais, realizada a 26 de julho de 2025, na sede do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, em Belo Horizonte, Brasil