Crimes que deram que falar, passou 30 anos na prisão por um crime que não cometeu

by | Oct 1, 2025 | Crimes

A 11 de Agosto de 1994, Timothy Blaisdell, jovem traficante de droga, foi assassinado na ilha de Maui, no Hawaii, num aparente assalto relacionado com o tráfico de droga. O único suspeito do crime era Michael Freitas, que foi visto por várias testemunhas a conduzir um carro com a vítima em direção a Kula, o local onde o corpo da vítima foi encontrado no fundo de uma ravina.

Confrontado com depoimentos das testemunhas oculares e provas físicas da sua presença no local do crime, Michael Freitas implicou Gordon Cordeiro, 20 anos, como o assassino. Cordeiro e Freitas não eram amigos embora tivessem alguns amigos em comum, um dos quais era a vítima.

Cordeiro tinha um alibi para o dia do crime: estava a construir uma estante na garagem dos pais. O alibi foi confirmado por transeuntes que o viram a trabalhar na garagem, bem como por recibos dos materiais e da pizza que comprou naquele dia, e pela mãe que estava acamada e de quem ele ficou a cuidar enquanto o pai e as irmãs foram trabalhar.

Apesar do alibi, Cordeiro foi acusado de ter roubado $800 a Bleisdell, de o ter morto a tiro e ter obrigado Freitas a levar o corpo no carro e ter atirado pela ravina.

O primeiro julgamento terminou com 11 jurados a considerarem Gordon Cordeiro inocente e um único jurado a considerá-lo culpado.

No segundo julgamento, os procuradores implicaram Cordeiro numa conspiração para assassinar Freitas, arranjaram quatro reclusos como testemunhas e desta vez Cordeiro foi condenado a prisão perpétua.

Depois de esgotar todos os seus apelos diretos, a família de Cordeiro procurou a ajuda do Hawaii Innocence Project (HIP), que realizou entrevistas com testemunhas e suspeitos, testes de DNA e encontrou novas provas de que Cordeiro não esteve no local do crime e nem contatou nenhum dos implicados na tentativa de assassinato de Freitas.

Os testes de DNA mostraram que uma pessoa mexeu nos bolsos das calças de Blaisdell depois de ele ter sido assassinado e não era Cordeiro.

As novas provas levaram à anulação da condenação de Gordon Cordeiro pelo homicídio de Blaisdell, mas foi um processo demorado pois só dia 21 de fevereiro de 2025, a juíza do Tribunal de Círculo Kirstin Hamman, em Maui, ordenou a saída de Cordeiro, agora com 53 anos, do Centro Correcional de Maui, onde passou 30 anos por um crime que negou ter cometido.

O primeiro cuidado de Cordeiro foi ir ao cemitério, visitar a campa da mãe, que morreu em setembro de 1994 de esclerose lateral amiotrófica, um mês antes do filho ter sido preso. Depois foi jantar com a família.

O mundo está muito diferente do que era há 30 anos e Gordon Cordeiro ainda não sabe o que vai fazer. Para já, pretende reparar carros (era a sua profissão quando foi preso), mas a sua equipa jurídica do Hawaii Innocence Project vai agora trabalhar para que Cordeiro seja indemnizado. A lei estadual permite $50.000 dólares por cada ano cumprido e Cordeiro esteve preso 30 anos.

Quanto ao outro suspeito, Michael Freitas, morreu no hospital de Maui em 2017, aos 62 anos.

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