Crimes que deram que falar, a morte de Courtney Sau

by | Sep 3, 2025 | Crimes

Janeiro de 2007 começou com a notícia da condenação de uma jovem lusodescendente de Fall River a prisão perpétua no Tribunal Superior de Taunton, pela morte à facada de uma adolescente de Taunton.

Karen Cordeiro, 22 anos, precisaria cumprir 15 anos de prisão antes de ter a possibilidade de liberdade condicional. Foi condenada por esfaquear Courtney Sau, 19 anos, na madrugada de 5 de fevereiro de 2005 na John Street, em Fall River.

Cordeiro e a sua colega de quarto, Carla Carvalho, 21 anos, moradoras na Sprindle Street, sairam de casa para confrontar Sau, que as tinha procurado num carro com vários amigos depois de terem tido uma discussão na Complex, discoteca de Providence, por causa de um ex-namorado.

Carvalho armou-se com uma garrafa de cerveja e Cordeiro pegou numa faca de cozinha. Assim que Sau saiu do carro, Carvalho atacou, partindo a garrafa na cabeça da outra e fez-lhe um golpe na face.

Quando Cordeiro se envolveu na luta, Carvalho recuou e viu as outras duas lutando no chão. Cordeiro esfaqueou Sau no prescoço e nas costas.

Cordeiro e Carvalho regressaram ao apartamento sem saber que Sau tinha sido ferida mortalmente.

Courtney Sau era da Nova Zelândia, mas tinha imigrado menina para Taunton com os pais e irmã. Estudava justiça criminal no Bridgewater State College, o seu sonho era ser pintora. Mas morreu a sangrar numa rua de Fall River.

Carla Carvalho foi sentenciada a uma pena de cinco a sete anos de prisão estadual por ter ferido Sau na cara com a garrafa de cerveja partida. Em 2011, aos 27 anos de idade, Carla saiu da prisão e foi viver com a mãe em Fall River, e não há notícia de que tenha voltado a meter-se em problemas.

Quanto a Karen Cordeiro, a situação é mais complicada. Embora tenha sido condenada pelo crime de homicídio em segundo grau, considerado menos grave, e sentenciada a prisão perpétua com possibilidade de liberdade condicional após quinze anos de prisão, permanece detida.

Em 2009, a arguida apresentou um pedido de novo julgamento alegando ter agido em legítima defesa e, após uma audiência de instrução que se prolongou por vários dias, o juiz de primeira instância deferiu o pedido em janeiro de 2012, mas considerando que a arguida poderia não ter sido competente durante o julgamento uma vez que havia indícios de que a arguida por vezes via e ouvia “coisas estranhas” que não eram reais.

Esses problemas de saúde mental de Karen Cordeiro foram registados durante a detenção preventiva inicial na casa de correção do Condado de Bristol e, após o julgamento, na prisão estadual foi-lhe diagnosticado um “transtorno de personalidade esquizotípica e um transtorno esquizoafetivo”.

O despacho de 2012, que permitia o pedido de novo julgamento, acabou por ser indeferido em fevereiro de 2013 e, em abril desse ano, Karen Cordeiro foi encaminhada por outro juiz do Tribunal Superior para o Worcester Recovery Center and Hospital (WRCH).

Trata-se de um hospital com 320 camas, inaugurado a 16 de agosto de 2012 em Worcester, que substitui o Worcester State Hospital e parte do Taunton State Hospital, que ainda estão em uso. Este hospital tem como objetivo ajudar a recuperação de pessoas com diagnósticos psiquiátricos.

Karen Cordeiro está no WRCH há 12 anos e tem sido considerada incompetente para comparecer a julgamento, permanecendo internada, embora a sua equipa médica tenha concluído que já não necessita de cuidados hospitalares e poderia ser enviada para um lar de idosos, onde poderia receber serviços psiquiátricos em ambiente comunitário.

O Departamento de Saúde Mental (DMH) realizou uma avaliação de risco forense independente em janeiro de 2021 e concluiu que o plano de alta da equipa de tratamento de Karen Cordeiro exige “uma longa hospitalização para que ela regresse ao estado normal e possa ter alta”.

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