O Arquipélago dos Açores, registando 248.000 habitantes no primeiro recenseamento geral da população portuguesa realizado em 1864, conta com mais de 500 jornais publicados no século XIX.
Mesmo 100 anos depois, no final do século XX – quando a Região Autónoma dos Açores, depois da grande vaga da emigração açoriana, estabiliza a sua população em cerca de 250.000 habitantes – a imprensa das nossas ilhas é ainda proporcionalmente significativa.
Até ao início deste século XXI, chegámos a ter sete jornais diários, quase todos centenários, com publicação simultânea em três cidades: em Ponta Delgada, os matutinos “Açoriano Oriental” e “Correio dos Açores” e o vespertino “Diário dos Açores”; em Angra do Heroísmo, o matutino “Diário Insular” e o vespertino “A União”; na cidade da Horta, o matutino “O Telégrafo” e o vespertino “Correio da Horta”.
Três deles encerraram nos últimos anos: o “Telégrafo”, com 111 anos de publicação, foi substituído em 2004 pelo jornal “Incentivo”, que terminou a 3 de janeiro de 2024; o “Correio da Horta” encerrou a 15 de fevereiro de 2007, com 77 anos de publicação; “A União”, também propriedade da Diocese de Angra, terminou a 30 de novembro de 2012, com 119 anos de publicação.
Restam os outros quatro diários:
O “Açoriano Oriental”, fundado a 18 de abril de 1835 por Manuel António de Vasconcelos, publica-se há 190 anos – é o mais antigo jornal português em publicação;
O “Diário dos Açores”, fundado a 5 de fevereiro de 1870 por Manuel Augusto tavares de Rezende, publica-se há 155 anos – é o quotidiano mais antigo do arquipélago;
O “Correio dos Açores”, fundado a 1 de maio de 1920 por José Bruno Carreiro e Francisco Luís Tavares, publica-se há 105 anos – é o último dos três diários centenários;
O “Diário Insular”, fundado a 16 de fevereiro de 1946, com o diretor Rocha Alves, o editor Gomes Filipe e o chefe de redação João Afonso, publica-se há 79 anos – é o único jornal da ilha Terceira.
Outros jornais de referência da imprensa açoriana dos nossos dias são seis semanários de São Miguel, Pico e Faial: “A Crença”, fundado em 1915 em Vila Franca do Campo; “O Dever”, também centenário, fundado em 1917 nas Lajes do Pico; “Atlântico Expresso”, fundado em Ponta Delgada; “Ilha Maior”, fundado em 1988 na Madalena do Pico; “Tribuna das Ilhas”, fundado em 2002 na cidade da Horta; “Jornal do Pico”, fundado em 2004 na vila de São Roque.
A estes se juntam ainda dois jornais concelhios na ilha de São Miguel: o mensário “Diário da Lagoa”, fundado em 2014, e o quinzenário “Audiência Ribeira Grande”, fundado em 2016.
Para estes 12 jornais impressos que resistem em quatro ilhas açorianas fica o desejo final de que o seu presente tenha futuro em honra do nosso passado.
No outro lado do Atlântico, considerando as comunidades portuguesas (maioritariamente açorianas) dos Estados Unidos da América e do Canadá, é também antiga e importante a presença e a missão da imprensa lusófona, para manter e afirmar a marca distintiva da nossa identidade.
Remonta ao século XIX o histórico legado da imprensa luso-americana, com “A Voz Portuguesa” fundada na Califórnia em 1870 ou o “Jornal de Notícias” editado na Pensilvânia em 1877.
De entre os títulos ainda em publicação destacam-se o “Luso-Americano”, fundado em 1928 em Newark, New Jersey; o “Portuguese Times”, fundado em 1971 em New Bedford, e “O Jornal”, fundado em 1975 em Fall River, ambos em Massachussets; ou ainda o “Tribuna Portuguesa”, fundado em 1979 em Modesto, Califórnia.
No Canadá, há dois jornais mais antigos na província do Quebeque e dois jornais mais recentes na província do Ontário.
Em Montreal, “A Voz de Portugal” foi fundado em 1961, com o título inicial de “Voz de Portugal” – é o jornal mais antigo do Canadá em língua portuguesa – e o “LusoPresse” data de 1996.
Em Toronto, entre outros, o jornal “O Milénio Stadium” foi fundado em 2004 e, em Brampton, o jornal “Correio da Manhã Canadá” publica-se desde 2012.
Nas comunidades açorianas da América do Norte, como nas ilhas açorianas do Atlântico Norte, a nossa imprensa regista a nossa história e acompanha a nossa vivência. Que assim seja por muitos e bons anos…
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José Andrade, Diretor Regional das Comunidades do Governo da Região Autónoma dos Açores. Baseado na conferência “Para uma História da Imprensa Açoriana”, proferida na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo a 3 de julho de 2025



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