Mais de 500 jornais são publicados no Arquipélago dos Açores durante o século XIX.
O primeiro foi o semanário “Chrónica da Terceira”, órgão oficial da Regência, fundado a 17 de abril de 1830, na cidade de Angra. Este é hoje considerado o pioneiro da imprensa açoriana.
É também na então sede da Regência Portuguesa, e por iniciativa desta, que se publicam, em 1831, a “Chrónica Terceirense” e “A Chrónica”.
Só no ano seguinte se verifica a introdução da imprensa periódica na ilha de São Miguel, com a fundação, a 4 de maio de 1832, do jornal “Chrónica, Semanário dos Açores”, em Ponta Delgada.
Em 18 de abril de 1835, é fundado em Ponta Delgada o semanário “O Açoriano Oriental”, ainda hoje o mais antigo jornal português em publicação.
Ponta Delgada e Angra do Heroísmo publicam grande parte dos títulos da imprensa açoriana do século XIX. Em São Miguel, Ponta Delgada publica 186 jornais de 1832 até 1899. Na ilha Terceira, Angra do Heroísmo publica 144 jornais nos últimos 70 anos do século XIX.
Mas também na cidade da Horta são publicados 90 jornais periódicos, após a fundação, em 10 de janeiro de 1857, do semanário “O Incentivo”, o primeiro da imprensa faialense.
Em todos os concelhos açorianos, com exceção da ilha do Corvo, é implantada a imprensa, com maior ou menor expressão, no decorrer do século XIX.
Depois de Angra (1830) e Ponta Delgada (1832), e ainda antes da Horta (1857), a Ribeira Grande publica “A Estrella Oriental”, em 28 de maio de 1856.
A imprensa chega depois a Vila Franca do Campo, com “O Vilafranquense”, em 5 de julho de 1861; à Praia da Vitória, com “O Praiense”, em 6 de julho de 1864, e a Santa Cruz da Graciosa, com “O Futuro”, em 4 de agosto de 1866.
Na década de setenta é introduzida a imprensa nas ilhas de São Jorge e Pico, com “O Jorgense”, nas Velas, em 15 de fevereiro de 1871, e com “O Picoense”, na Madalena, em 20 de dezembro de 1874.
Também no Pico é publicado “O Ecco Picoense”, em São Roque, a 20 de outubro de 1878. E também nos anos setenta é publicado “O Povoacense”, na vila micaelense da Povoação, a 26 de julho de 1879.
As ilhas de Santa Maria e Flores, os extremos oriental e ocidental do Arquipélago dos Açores, conhecem a imprensa local ambas em 1885, com a fundação dos jornais “O Mariense”, em Vila do Porto, a 9 de abril, e “O Florentino”, em Santa Cruz, a 2 de julho.
Ainda na década de oitenta a imprensa açoriana chega a outros quatro concelhos dos três grupos do arquipélago: na Lagoa, com o “Ecco Lagoense”, a 9 de janeiro de 1887; na Calheta de São Jorge, com “O Respigador”, a 5 de julho de 1888; no Nordeste, com “O Nordestense”, a 1 de agosto de 1888; nas Lajes das Flores, com “O Trabalhador”, a 27 de outubro de 1888.
Finalmente, em agosto de 1890, chega a imprensa ao concelho das Lajes do Pico, com a fundação do jornal “O Lagense”.
É nas três cidades açorianas de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta que se concentra essencialmente a atividade jornalística do século XIX.
As vilas conhecem, no entanto, um dinamismo redatorial de alguma forma significativo na segunda metade de oitocentos, com a publicação de 13 jornais em Vila Franca do Campo, 12 na Ribeira Grande e Velas de São Jorge, 10 em São Roque do Pico, sete na Lagoa e Santa Cruz das Flores.
Madalena do Pico, Nordeste, Povoação e Praia da Vitória publicam quatro jornais no século XIX, enquanto Santa Cruz da Graciosa e Vila do Porto, três.
Um único jornal foi publicado nas vilas de Calheta de São Jorge, Lajes das Flores e Lajes do Pico, na segunda metade do mesmo século.
Durante mais de três décadas a imprensa açoriana mantém-se com periodicidade semanal ou mensal, quando não mesmo irregular.
É também Angra do Heroísmo que introduz nos Açores a imprensa diária, em 28 de novembro de 1866, com a fundação do jornal “A Trombeta Açoreana”.
Segue-se-lhe, em Ponta Delgada, o “Diário de Notícias”, a 1 de julho de 1869, e, na Horta, “O Açor”, a 1 de janeiro de 1889.
O Arquipélago dos Açores é pioneiro da imprensa portuguesa de temática agrícola, com a fundação, em 20 de outubro de 1843, do jornal “O Agricultor Michaelense”, na ilha de São Miguel, editado pela Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense.
Jornais, boletins e revistas de caráter político, literário, religioso e humorístico dominam o panorama da imprensa açoriana do século XIX, em grande parte dos casos com existência efémera, tiragens reduzidas e número mínimo de páginas.
(continua na próxima edição)
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José M.M. Andrade, Diretor Regional das Comunidades do Governo da Região Autónoma dos Açores
Baseado na conferência “Para uma História da Imprensa Açoriana”, proferida na Biblioteca Pública de Angra do Heroísmo, a 3 de julho 2025.



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