Miguel Silveira nasceu em 1576 Celorico da Beira, junto da Serra da Estrela. Estudou nas prestigiadas universidades de Coimbra e de Salamanca e tendo a sua vida de adulto coincidido com a União Ibérica, acabou por se instalar duradouramente em Madrid. Formado em Filosofia, Direito, Medicina e Matemática, deu aulas durante 20 anos na capital dos Filipes, então reis de Espanha e de Portugal e igualmente de outros inúmeros domínios, tanto na Europa como fora dela. Passou a ser conhecido entre os espanhóis como Miguel de Silveira.
Suspeito de criptojudaísmo, o português foi vítima da Inquisição, que o torturou duas vezes, mas nunca o condenou. Quando um seu antigo aluno foi enviado para Nápoles como vice-rei, o português acompanhou-o. Itália estava então retalhada, e Filipe IV de Espanha (III de Portugal) reinava sobre várias partes dela.
Foi em Nápoles que se deu a publicação da obra literária mais célebre de Miguel da Silveira, ‘El Macabeo’. É um poema épico descrito pelos académicos como claramente de inspiração bíblica, escrito em espanhol e tendo como modelo Luís Vaz de Camões e ‘Os Lusíadas’. Apesar de ter servido os Filipes, e adotado a língua da Corte de Madrid nos seus trabalhos, Miguel da Silveira, diz em quem estudou a sua vida e obra, sempre se sentiu português. Terá morrido em Nápoles pouco depois da publicação de ‘El Macabeo’.
Leonídio Paulo Ferreira, Jornalista do DN. É doutorado em História e autor do livro ‘Encontros e Encontrões de Portugal no mundo’.



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