“Sempre me pareceu espantoso que uma grande parte da obra operática de Marcos Portugal, uma estrela na Europa do seu tempo, esteja ainda por descobrir”, dizia há dias, numa entrevista, o maestro Pedro Amaral, o novo diretor artístico do Teatro Nacional de São Carlos. De facto, Marcos Portugal, nascido em Lisboa em 1762, compositor desde os 14 anos e considerado um génio musical, passou uma temporada em Itália, onde se destacou como autor de óperas de sucesso.
Nos oito anos em que viveu e estudou em Nápoles, graças a uma bolsa do governo de D. Maria I, compôs mais de 20 óperas, muito aclamadas. ‘Il Demofoonte’ estreou-se em 1794 no La Scala de Milão. E só no ano de 1796 o português viu quatro das suas criações serem representadas em teatros um pouco por toda a Itália, de Nápoles a Veneza, passando por Florença e Milão.
Regressado a Lisboa em 1800, assumiu funções de maestro do São Carlos. E continuou a compor. Apesar de a maior parte das suas óperas terem sido compostas para serem cantadas em italiano, também deixou peças em português
Com a partida do príncipe regente D. João, futuro D. João VI, para o Brasil, em 1807, Marcos Portugal vê Lisboa ser ocupada pelos franceses, e o general Jean-Andoche Junot, conhecedor da obra do português, assiste a uma apresentação de ‘Il Demofoonte’.
Chamado em 1810 ao Brasil, onde está a Corte portuguesa, Marcos Portugal fixa-se no Rio de Janeiro e dedica-se sobretudo à composição de música sacra, tão do agrado de D. João VI. É também professor de música do príncipe D. Pedro, que mais tarde será o imperador D. Pedro I do Brasil e o rei D. Pedro IV de Portugal.
Muito debilitado em termos de saúde, o compositor não acompanha D. João VI no regresso da Corte a Lisboa em 1821. Morre no Rio de Janeiro em 1830.



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