
José Francisco Costa.
José Francisco Costa.Madre Pedra dá título ao novo livro de José Francisco Costa, editado pela Letras Lavadas, de Ponta Delgada, São Miguel.
Com prefácio de Eduardo Bettencourt Pinto, trata-se de um livro de poesia do antigo diretor do LusoCentro do Bristol Community College natural das Capelas, São Miguel e que tem publicado alguns livros.
O livro foi apresentado há duas semanas no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, São Miguel.
Este novo livro de poesia de José Francisco Costa, editado pela Letras Lavadas, conta com prefácio de Eduardo Bettencourt Pinto, ilustrações de Conceição Lopes e fotografia de capa de Onésimo Teotónio de Almeida. São muitos os poemas que compõem este livro, navegando estes por temas tão diversos como o mar, a terra, a chuva, a saudade, a serenidade e a plenitude, entre muitos outros.
José Luís Brandão da Luz, professor catedrático da Universidade dos Açores, agora aposentado, em nota publicada na Azorean Torpor, “… o poeta (referindo-se a José Costa) não concebe estar longe do seu Morro, o promontório das Capelas por onde sempre vagueia e de onde sempre brota a sua poesia, que bebe o mar. O Morro é a Madre Pedra que dispensa aconchego maternal em todas as horas: dele se parte para os sonhos longínguos de “semblante encharcado” e de “abraço arrochado”; a ele se regressa, qual “âncora presa – Ao fundo que um dia descobri e abracei – Na líquida solidão de um mergulho inquieto”.
Para Brandão da Luz, o prefaciador Eduardo Bettencourt Pinto foi sensível à “vertente aquática, móvel, de energias e angústias, sonhos e equívocos”, que confere fluidez e sonoridade à poesia de José Costa. Fala mesmo do seu peculiar “poder marinho”, que estes versos de “Aonde” sugerem o que poderá ser:
Só me é dado descrever a chegada
nesta imperfeição de escrita futura
a infringir toda a sintaxe da certeza.
Aonde me levas, poema?
Talvez (…)
(…) onde a palavra é líquida
semente.
E José Luís Brandão destaca:
Os poemas de Madre Pedra transmitem essa energia desordenada e inesgotável que dita as suas regras nos encontros inesperados das palavras que o poeta atira ao relento. Irresistivelmente, elas prendem o olhar, tocam por dentro e fazem cismar. Os temas da ausência, da partida, das «saudades sem terra», estão certamente presentes a conferir o seu cunho ilhéu, mas os poemas, mais do que pintar cenários ou estados de alma, remetem-nos antes para as vivências insondáveis de quem se abeira deles e os lê.
A poesia procede de uma «alma roxa de palavras» (“Sobre a neve”) e, porventura, num ambiente romântico de «serões de estrelas | com manhãs de areia» (“Desencontro com a saudade”), ou mesmo no ardor de um sol estouvado, em derriço entre as nuvens, «perguntando à ilha | a menina dança?» (“No sul”). A poesia rasga clareiras quando menos se espera, não sendo, por isso, nem verdadeira nem falsa, autêntica ou artificial.
Vive paredes meias com a memória de inúmeras sensações, envolvendo-nos numa estética que junta, linha após linha, formas de vida que ganham espessura em quem se sente tocado por elas.
Madre Pedra de José Costa, «poeta musical», folheia-se como a partitura duma canção, que nos dá da melodia apenas o registo do que ela poderá ser pela execução dos seus intérpretes.
José Francisco Costa nasceu nas Capelas, em São Miguel, mas reside em Rhode Island com a esposa. Tem o doutoramento em Literatura Portuguesa Contemporânea, da Universidade de Amherst, Massachusetts, e Mestrado em Estudos Portugueses e Educação Bilingue, da Universidade da Brown, Rhode Island. Frequentou o Seminário de Angra do Heroísmo, a Universidade Católica Portuguesa e bacharelou-se em História na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.
De entre os muitos livros que já publicou, conta com o seu nome em textos muito diversos, tais como contos, poemas, ensaios, jornais, revistas e antologias, nos Estados Unidos e em Portugal. Além disso, traduziu e co-editou o livro Saudades, de Frances Dabney e é autor de composições musicais interpretadas pelo Duo Ouro Negro, pelo Grupo de Cantares Belaurora, por Carlos Alberto Moniz, entre muitos outros.




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