Leonor nasceu em Torres Vedras em 1434, filha do rei D. Duarte e de Leonor de Aragão. Ficou orfã de pai com apenas quatro anos, e foi criada em Lisboa, juntamente com as irmãs, tendo o regente D. Pedro, tio, garantido que recebia uma educação esmerada, mesmo que a mãe, que chegou a exercer a regência, tivesse deixado o reino por razões politicas.

Leonor tinha como tios também figuras como o Infante D. Henrique e D. Isabel, duquesa da Borgonha, membros tal como D. Duarte e D. Pedro da Ínclita Geração de que falará Camões nos ‘Lusíadas’, referindo-se aos filhos de D. João I e de D. Filipa de Lencastre.

A Casa de Avis, graças à expansão imperial de Portugal ao longo do século XV, tornou-se uma das mais prestigiadas da Europa e o casamento com D. Leonor interessava a muitos monarcas. Os tios D. Pedro, que conhecia bem os outros países da Europa, e D. Isabel, envolveram-se nas negociações diplomáticas que levaram à seleção do marido. Frederico III, rei de Roma e destinado a ser o imperador romano-germânico, acabou por ser a escolha.

Leonor partiu de Lisboa em finais de 1451, despedindo-se das irmãs e do irmão, o rei D. Afonso V, e viajou por mar até Itália. Foi uma viagem atribulada, e a infanta teve de fazer uma escala imprevista em Ceuta, praça africana conquistada por Portugal em 1415, no reinado do seu avô, D. João I. Depois houve ainda um ataque de piratas, mas no início de 1452 chegou bem a Itália e seguiram-se o casamento em Siena e a coroação do imperador e da imperatriz em Roma, na Basílica de São Pedro, pelo papa Nicolau V.

Frederico III era quase 20 anos mais velho do que D. Leonor. A relação entre o casal não foi sempre a mais fácil, até pela diferença cultural. Mas a imperatriz nascida portuguesa deu ao imperador alemão três filhas e dois filhos. Um desses filhos foi Maximiliano I, que viria a ser o imperador que reforçou o poder da Casa de Habsburgo ao ponto de a tornar a mais poderosa da Europa durante séculos.

Leonor morreu jovem, em 1467, em Wiener Neustadt, cidade hoje na Áustria, 50 quilómetros a sul de Viena.

Leonídio Paulo Ferreira, Jornalista do DN. É doutorado em História e autor do livro ‘Encontros e Encontrões de Portugal no mundo’.