A manifestação “No Kings”, George Washington recusou ser rei dos Estados Unidos e outras curiosidades

by | Oct 22, 2025 | Expressamendes

A manifestação “No Kings”

Mais de sete milhões de americanos sairam à rua nos Estados Unidos sábado passado, 18 de outubro, em cerca de 2.700 manifestações em todo o país para protestar contra ações da administração Trump e celebrar os seus direitos constitucionais à liberdade de expressão e de reunião.

Foi a maior ação civil nos Estados Unidos desde o primeiro Dia da Terra há 55 anos e não houve notícia de qualquer incidente grave ou detenção.

Muitos manifestantes empunhavam faixas e cartazes com dizeres como “Democracy not Monarchy” (democracia, não monarquia), “The Constitution is not optional” (a Constituição não é opcional) e “No Kings” (sem reis).

Um dos políticos que mais se tem batido contra Donald Trump é o senador Bernie Sanders, de Vermont, que não faltou ao protesto “No Kings” e discursou na manifestação em Washington DC e resumiu toda a questão na sua intervenção:

“Este momento não se trata apenas da ganância de um homem, da corrupção de um homem ou do desprezo de um homem pela Constituição. Trata-se de um punhado das pessoas mais ricas do planeta que, na sua ganância insaciável, sequestraram a nossa economia e o nosso sistema político para enriquecerem à custa das famílias trabalhadoras de todo o país. Estou a falar de Elon Musk, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e dos outros multimilionários que estavam sentados mesmo atrás de Trump quando este tomou posse”.

Para Sanders, o país tem de estar acima dos bilionários aliados do presidente.

Do lado republicano, a reação foi agressiva. Líderes do GOP (Grand Old Party, como também é conhecido o Partido Republicano) classificam os manifestantes como marginais, comunistas e marxistas, culpando-os pela paralisação do Governo, o “shutdown” provocado pelo braço de ferro entre republicanos e democratas relativamente ao orçamento para 2026 e que paralisou o Governo Federal, com serviços públicos encerrados e num confronto aberto entre o Executivo Trump, o Congresso e os tribunais.

Para Mike Johnson, o republicano presidente da Câmara dos Representantes, a manifestação foi “um comício de ódio à América”, contudo, para os manifestantes, foi precisamente o contrário.

Na nossa região, em Fall River, os manifestantes alinharam-se ao longo do William S. Canning Boulevard e em Swansea no Swansea Mall River Drive e na GAR Highway, enquanto que em New Bedford se concentraram ao longo da Rockdale Avenue em frente do Buttonwood Park.

Quem eram os manifestantes? Eram sobretudo idosos, alguns dos quais já tinham protestado contra a guerra do Vietname e outros nunca tinham protestado. Agora estão preocupados porque a democracia está em jogo.

“Trump está a tomar o nosso governo, a nossa democracia, e a desmantelá-la aos poucos, e iremos perdê-la se ficarmos parados e não fizermos nada a esse respeito”, disse um manifestante.

Os protestos deste sábado são um segundo capítulo de uma história que começou a ser contada a 14 de junho passado quando cinco milhões de americanos sairam à rua protestando contra um regime cada vez mais autoritário e militarizado.

Nesse dia, a contestação foi uma resposta direta à parada militar com que o presidente Trump quis assinalar o 250º aniversário do Exército dos Estados Unidos, em Washington DC e o seu 79º aniversário natalício e que foi o primeiro desfile militar desde a Celebração Nacional de Vitória de 1991 organizada pelo presidente George H.W. Bush.

Nesse dia, a congressista democrata Melissa Hortman e o marido foram mortos a tiro em casa, e o senador estadual do Minnesota, John Hoffman (democrata), e a sua mulher ficaram feridos, também em casa, em dois crimes com motivações políticas.

O grande protesto anti-Trump de sábado passado teve eco fora dos Estados Unidos, em várias capitais europeias realizaram-se também manifestações e uma das cidades onde isso aconteceu foi Lisboa.

Na Praça do Comércio (mais conhecida como Terreiro do Paço), no coração de Lisboa, junto à estátua equestre de D. José I, realizou-se um protesto “No King” organizado pelo grupo Americanos em Portugal Unidos em Protesto (AMPT UP).

Uma das cidadãs presentes exibia um cartaz rodeado de cinco cravos vermelhos, onde se lia “America needs what Portugal knows – Fight for true liberation” (A América precisa o que Portugal sabe – Lutar pela verdadeira libertação).

“Nos anos 1960, queríamos expandir os direitos – os direitos das mulheres, os direitos dos homossexuais, os direitos das minorias, o direito de voto”, disse essa manifestante a um jornal de Lisboa. “Mas tudo isso está a ser retirado agora. Toda a nossa democracia está a ser ameaçada, os princípios básicos, a imprensa, o poder judicial”.

Desde que retornou à Casa Branca, Trump adotou uma visão expansiva do poder presidencial, usando decretos executivos para bloquear verbas aprovadas pelo Congresso, impondo tarifas abrangentes a outros países, enviando tropas da Guarda Nacional para diferentes cidades apesar das objeções dos governadores estaduais, intensificando a fiscalização sobre a imigração e cortando o financiamento de universidades devido a questões como protestos pró-palestinos contra a guerra de Israel em Gaza, diversidade no campus e políticas para transgéneros. O presidente afirma que as suas ações são necessárias para reconstruir um país em crise e que alegações de que ele é um ditador ou fascista são histéricas. Os críticos argumentam, contudo, que algumas das medidas do governo são inconstitucionais e uma ameaça à democracia americana e por isso os manifestantes de sábado gritaram em coro: “No kings, no crowns” (Nem reis, nem coroas, numa tradução livre), lembrando que os Estados Unidos não são uma monarquia.

A frase “No Kings” tornou-se o slogan da rejeição dos americanos à agenda conservadora de Trump de concentrar o poder e, já agora, lembre-se que Trump é que talvez tenha tido uma imagem engrandecida de si mesmo e começou a referir-se a si próprio como monarca.

Em fevereiro de 2025, depois de ter conseguido suspender temporariamente um programa que iria cobrar nove dólares aos condutores que quisessem entrar no centro de Manhattan, em New York, nos horários de pico, o presidente escreveu na rede social Truth: “A fixação de um preço pela congestão morreu. Manhattan e toda New York foram salvas! Longa vida ao rei!”

O humorista Stephen Colbert reagiu de imediato no programa The Late Show, da CBS TV, com uma curta, mas magistral piada que envolvia a cadeia de fast-food Burger King e deixou claro que os americanos só reconhecerão um rei:

“A América nunca se curvará perante um rei que não se chame Burger, pois ele tornou-nos parte da família real”, disse Colbert.

 

George Washington recusou ser rei dos Estados Unidos

George Washington é um dos maiores líderes militares da história dos Estados Unidos, foi responsável pela derrota dos ingleses na guerra da independência e foi o primeiro presidente da recém-formada nação.

Nascido em 22 de fevereiro de 1732, no condado de Westmoreland, na Virgínia, Washington era agrimensor por profissão e proprietário de terras por herança. Enquanto servia como oficial na Milícia da Virgínia, durante os primeiros anos da Guerra Franco-Indiana (1754-1763), começou a desenvolver uma certa animosidade pelos britânicos, que tratavam os cidadãos nascidos na América como um inimigo subjugado.

Eleito para a Assembléia da Virgínia em 1758, Washington apercebeu-se do crescente descontentamento que a maioria dos americanos tinha por viver numa colónia britânica. Declarada a guerra revolucionária, Washington assumiu o comando das unidades de milícia da Virgínia e, em 1775, o recém-formado Congresso Continental tornou-o o comandante do exército americano.

Em 4 de julho de 1776, a Declaração da Independência americana estava assinada e Washington conseguiu forçar os britânicos a deixarem Boston, mas a vitória final só ocorreu quando derrotou definitivamente o general Lorde Cornwallis em Yorktown, em 19 de outubro de 1781. Embora um tratado de paz só fosse assinado em 1783, os britânicos haviam sido dominados, e nascia uma nova nação.

Depois da guerra, Washington voltou para sua casa em Mount Vernon, na Virgínia, mas em 1787, presidiu à Convenção Constitucional na Filadélfia e em 1789 foi eleito pelo Colégio Eleitoral o primeiro presidente dos Estados Unidos.

Reeleito em 1793, Washington criou um poderoso governo centralizado, gerido, porém, com o consenso dos representantes de cada estado, tornando-se um dos mais respeitados estadistas na história dos Estados Unidos. George Washington rejeitou veementemente a ideia de tornar os Estados Unidos numa monarquia e ele ser imperador ou rei, proposta que lhe foi feita pelo menos duas vezes.

A primeira vez, em 1782, após a vitória na Guerra Revolucionária, um oficial do Exército Continental chamado coronel Lewis Nicola escreveu uma carta a Washington sugerindo que ele assumisse o papel de rei. A justificativa era que a atual forma de governo era fraca e ineficaz. A resposta de Washington foi de “horror” e indignação. Deixou claro que o plano era detestável e perigoso para o país, e pediu que o assunto jamais fosse levantado novamente.

Contudo, em 1783, um grupo de oficiais do Exército Continental frustrados com a falta de pagamento pelo Congresso, planeou a chamada Conspiração de Newburg visando o estabelecimento de uma monarquia. Washington, porém, agiu rapidamente para deter a conspiração e convenceu os conspiradores a permanecerem leais ao Congresso, salvando a revolução. A recusa de Washington em assumir um poder irrestrito e cumprir apenas dois mandatos como presidente, estabeleceu um precedente crucial para a transição pacífica de poder na história dos Estados Unidos. George Washington recusou um terceiro mandato presidencial, atitude que lhe valeu a reputação de ser o “Cincinnatus americano”, em referência ao líder romano que abdicou voluntariamente da sua autoridade. Aposentou-se em 1797 e faleceu a 14 de dezembro de 1799.

Dura Lex, Sex Lex

Por incrível, ainda vigoram nos EUA leis curiosas

Em Natachez, Missouri, é proibido dar cerveja a elefantes.

No Michigan, os crocodilos não podem ser amarrados às bocas de incêndio.

Em Baltimore é ilegal levar um leão ao cinema e na localidade de Zion, Illinois, é proibido dar charutos a cães, gatos e outros animais domésticos.

Em Fairbanks, Alaska, os alces estão proibidos de fazerem amor nas ruas da cidade e em Kingsville, no Texas, são os porcos que não podem fazer sexo na área do aeroporto, não se sabendo se os prevaricadores acabam convertidos em bacon.

A respeito de sexo, acreditem ou não, ainda vigoram nos EUA leis bizarras: em Hastings, Nebraska, os hotéis são obrigados a providenciar pijamas brancos aos hóspedes e nenhum casal poderá fazer amor sem estar devidamente vestido.

Em Washington DC, a única posição sexual permitida pela lei é “missionary style” e qualquer outra está proibida.

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