Paul Bettencout, advogado 76 anos, residente em Narragansett, RI, faleceu domingo, 19 de outubro, no South Hospital, South Kingston. Deixa sua esposa Suzanne E. (St Jean) Bettencourt, com quem esteve casado durante 48 anos, e um filho, John-Paul Bettencourt, médico.
Natural da ilha Terceira, Açores, era filho de Maria Gabriela (Carvalho) Bettencourt, residente na Flórida, e do já falecido Arnaldo Bettencourt. Veio para os EUA em 1964, fixando residência em East Providence e mais tarde em Covenry, Scituate e por último em Narragansett.
Frequentou a Universidade de Rhode Island, que concluiu em 1971. No prosseguimento dos estudos universitários recebeu o Juris Doctor em 1981 pela Suffolk University.
Foi advogado em East Providence nos últimos 44 anos. Adorava pescar, praticar desportos na neve, viajar e passar tempo com a família e amigos. Foi fundador/presidente da Casa dos Açores e apoiante de grande número de organizações, tais como: Citizens Concerned for Human Progress, Ser Jobs for Progress of RI, Portuguese Social Club, Grupo Amigos da Terceira, Seven Castles Club of Blackstone Valley, Prince Henry Society, União Portuguesa Beneficente, Centro Cultural Mariense de East Providence.
Foi distinguido sócio honorário do Coral Herança Portuguesa, Cranston Portuguese Club, Clube Juventude Lusitana, Clube Recreativo Cultural Português do Warren, Casa do Benfica de Rhode Island. Foi “marshal” da Parada do Dia de Portugal/RI na presidência de António Rodrigues.
Deixa, além de sua esposa Suzanne E Bettencourt, sua mãe Maria Gabriela Bettencourt, o filho, dr. John-Paul Bettencourt, na Flórida, o irmão Rodrigo Bettencourt, na Flórida e uma irmã, Maria Olívia McKonnen, na Flórida, vários sobrinhos e netos.
A missa de corpo presente foi celebrada na igreja de Nossa Senhora de Fátima em Cumberland, RI e os serviços fúnebres estiveram a cargo da J.J. Duffy Funeral Home.
A morte do advogado Paul Bettencourt envolveu a comunidade portuguesa e luso-americana de Rhode Island numa onda de tristeza e pesar, que viam neste português natural da ilha Terceira, o amigo, o excelente profissional e um homem profundamente ligado às inúmeras presenças lusas da região, nomeadamente ao associativismo. Paulo Bettencourt serviu com primor e competência uma vasta clientela em vários ramos do Direito Júridico.
A par da sua agenda profissional deu apoio a diversas organizações sociais, assim como as distinções de sócio honorário. Nunca esqueceu o seu grupo étnico, tendo-se mantido ligado e comprometido com múltiplas iniciativas da comunidade, nomeadamente a celebração do Dia de Portugal em Rhode Island.
O musicólogo Dionísio da Costa imortaliza o trajeto memorável de Paul Bettencourt. “A comunidade não precisa de ajuda nem favores para ver o teu valor, o teu empenho, o teu profissionalismo. A tua dedicação às nossas iniciativas e aos nossos empreendimentos comunitários são exemplos reais do que foste”, sublinha Dionísio da Costa, a quem refere com uma visão de herança familiar.
“Quando te olhávamos do alpendre do Coral Herança Portuguesa não podemos ignorar os teus maiores, começando pela tua extremosa mãe, de quem me apetece dizer, citando uma passagem bíblica, “felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram”. Em ti espelharam-se sobretudo o teu genial e saudoso pai, Arnaldo Bettencourt, o grande pianista, com quem tive a honra de trabalhar como músico, e do teu inigualável tio Paulo de Carvalho, homem ímpar de humanismo e amizade sincera, talvez nunca experienciada com mais ninguém. Diz-se com base bíblica, que fomos feitos à imagem e semelhança do nosso Criador. Eu diria que tu foste feito à imagem e semelhança destes dois grandes homens. O Arnaldo e o Paulo. Em ti vi a bonomia, a atitude acolhedora e compreensiva, a interpretação positiva e generosa dos comportamentos alheios e a busca rigorosa de uma competência cabalmente informada, lúcida e sabiamente aplicada do teu pai Arnaldo Bettencourt”, prossegue Dionísio da Costa, que sempre viu em Paulo Bettencourt um amigo do seu amigo.
“Em ti vi sempre o desembaraço, a hombridade, a transparência, o sentido do essencial e prioritário, a fidelidade aos amigos e aos princípios, a simplicidade, a visão universal e a subtileza no liderar do teu tio, Paulo de Carvalho. Sei que quem homenageamos é a tua passagem pela vida. O que foste. Sinto porém que em nada diminuiu o valor da tua imagem e das tuas gestões se te ligarmos aos teus pais e ao teu tio. É assim que completas essa trilogia fabulosa que se tornou proverbial”, prossegue Dionísio da Costa, estabelecendo a relação de valores que já partiram. Se é verdade que não serias o que foste sem que tivesses herdado deles tanto do que foste, também creio que eles não se projetariam tanto nas gerações subsequentes, se não fosses tu a empunhar a tocha da tua herança de sangue e cultura. Construíste sem dúvida a tua própria estatura, a tua imagem pela capacidade que herdaste, que cultivaste e desenvolveste ao longo da tua vida. Honramos-te, fazendo-te um de nós. Por seres um dos nossos, honrando-te, honramo-nos a nós mesmos, associando o teu nome e o teu historial ao nosso nome e à nossa história, ficamos mais enriquecidos, mais credenciados, mais valorizados. Felicitamos-te pelo que foste, pelo que sabias, pelo que fizeste, pelo que projetaste e empreendeste. Bem hajas honrado amigo”, concluiu Dionísio da Costa.
Registamos ainda declarações de quem lidou de perto com Paul Bettencourt.
“Conhecido pela sua integridade, generosidade e profundo sentido de humanidade, Paulo Bettencourt destacou-se não apenas pela sua competência profissional, mas também pelo seu envolvimento ativo em causas comunitárias. Sempre presente nos momentos importantes da comunidade, era um rosto familiar em eventos culturais, encontros associativos e ações de apoio aos mais necessitados”, referiu por sua vez Márcia Sousa, que conclui: “A sua partida deixa um vazio difícil de preencher. Fica no entanto o exemplo de um homem íntegro, solidário e profundamente comprometido com os valores que sempre defendeu: justiça, amizade e amor à comunidade portuguesa” disse a conselheira das Comunidades Portuguesas.”
“Pensando em si, surge um misto de lágrimas e sorrisos. Obrigado pelas maravilhosas memórias. Prometo que vou continuar a falar consigo. Sei que não vais responder. Mas farei as perguntas e darei as respostas, tal como sempre o fazia. Dou um exemplo: doutor, onde vamos sexta-feira? A resposta era sempre: “escolhe o lugar, tal como sempre o fazes”. Não esqueças 4:07, “a minha resposta “absolutely”. Toda a “gang” vai estar presente: Manny, César, Aurélio, Américo, Abel, Jorge, João, Quim, Maurício. Al Anjos está a caminho da Flórida. Eram assim as sextas feiras com Paul Bettencourt. Um por um deram o último adeus, entre a alegria dos encontros e a tristeza da partida. Descanse em Paz”, Tony Costa.
Por sua vez, Rogério Medina, antigo vice-cônsul de Portugal em Providence, prestou sentida homenagem ao seu amigo de longa data: “A nossa amizade de meio século remonta ao tempo da minha chegada com a minha família a este país em fevereiro de 1975, para exercer as funções de vice-cônsul de Portugal em Providence. Precisei muitas vezes dos seus serviços, não só quando exercia atividades bancárias como também na sua carreira de advocacia, tendo sempre uma amizade inexcedível no seu pronto atendimento. Que Deus conforte a família enlutada neste momento de profunda tristeza, com a bendita esperança no encontro na morada eterna”, sublinhou Rogério Medina.
Fotos pT/A. Pessoa:




0 Comments