“A festa do Espírito Santo foi verdadeiramente subversiva ao longo dos anos porque trouxe o conceito de igualdade, fraternidade e partilha”- Paulo Estêvão

by | Oct 8, 2025 | Cultura outros

Paulo Estêvão, secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades do Governo dos Açores, na sua visita a Florianópolis, estado de Santa Catarina manteve contactos com a vice-governadora do estado, Marilisa Boehm, que na sua residência oficial recebeu toda a comitiva dos Açores, Canadá e EUA, com o prefeito Topázio Silveira Neto, que no seu gabinete ofereceu à comitiva um almoço tendo sido trocadas lembranças, e ainda com o deputado estadual Mário Motta.

Um dos momentos altos da visita foi, tal como PT referiu na última edição, foi a assinatura de protocolos de cooperação cultural Açores-Santa Catarina, e ainda com representantes de várias instituições culturais da região.

Na festa de encerramento do I Ciclo do Espírito Santo do estado de Santa Catarina, em que usaram da palavra vários oradores, Paulo Estêvão reconheceu a força entusiástica com que os descendentes de açorianos na região mantêm viva a tradição ao Divino Espírito Santo e o orgulho da sua ascendência açoriana, e numa curiosa referência às festas em louvor da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, afirmou:

“Muita gente acha que as ideias de igualdade, de fraternidade e de justiça social iniciaram-se apenas com a Revolução Francesa, acho que verdadeiramente o que triunfou com as revoluções liberais foram as ideias do culto do Espírito Santo, criadas numa sociedade de ordem, bastante desigual, onde existia o clero, a nobreza e o povo, com os dois primeiros a gozarem de privilégios nomeadamente a nível de impostos, e o que constatamos é que a festa do Divino Espírito Santo foi verdadeiramente subversiva naquele período prolongando-se durante séculos e digo subversiva porque trouxe o conceito de igualdade, de todos se sentarem à mesma mesa numa posição de iguais, homens e mulheres, com a mesma dignidade e trouxe também uma ideia de partilha e levada à prática e só assim foi possível a muitas comunidades de açorianos conseguirem prevalecer em zonas que até aí eram selvagens, isoladas, em que era preciso sobreviver a cada inverno ou verão, e num país com a dimensão continental do Brasil e toda uma gama de dificuldades que os vossos antepassados tiveram de suportar para que possam estar aqui hoje”, referiu Paulo Estêvão, que adianta:

“Temos de ser uma sociedade mais igual, mais fraterna e isso só se consegue com os ideais através do culto ao Divino Espírito Santo e por isso é que ele cresce e tem esta vitalidade e modernidade e estes gestos de evolução e este triunfo de todos os nossos tempos sabendo que falta ainda aprofundar ainda este culto ao Divino Espírito Santo, porque temos de ser essa sociedade mais justa e igual”, sublinhou o secretário regional açoriano, adiantando estar a sentir a mesma sensação que sentiu em terras longínquas do Canadá, do Uruguai e do Hawaii, localidades onde o culto ao Divino Espírito Santo é ainda mantido de geração para geração.

“Devo dizer que o culto do Divino Espírito Santo une essa força da tradição à força da modernidade baseado nessas ideias da igualdade e da fraternidade e é para mim um orgulho e certamente para o Governo dos Açores poder estar aqui e ver a vossa fé e como a tradição faz parte da vossa identidade. Este culto une-nos nesta vasta diáspora”, afirmou para endereçar um convite para a celebração dos 600 anos da descoberta dos Açores, devendo para tal ser nomeada uma comissão de preparação.

“Em 2027 vamos comemorar 600 anos da descoberta dos Açores, onde tudo começou… Aquelas ilhas eram mesmo despovoadas e nas décadas seguintes, depois de 1427, começou o povoamento dos Açores de tal forma que em pouco menos de um século as ilhas tornaram-se prósperas e endereço um convite a todos a celebrarem connosco a nossa existência e açorianidade”, esclareceu Paulo Estêvão, que adiantou:

“É incrível que um arquipélago tão pequeno, com 2.100 quilómetros quadros e agora com 240 mil habitantes possa ter uma diáspora em que se calcula com mais de 3 milhões de pessoas e isso é verdadeiramente surpreendente, até porque os Açores tornaram-se também um destino, como é o caso de cabo-verdianos e até mesmo brasileiros e de outros países da Europa”, concluiu o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades do Governo dos Açores, que se emocionou no discurso na festa de encerramento do I Ciclo do Espírito Santo do estado de Santa Catarina e cuja intervenção foi vivamente aplaudida por todos os presentes no emblemátcio Teatro Álvaro Carvalho na cidade de Florianópolis, com a presença de várias entidades da prefeitura municipal da cidade, nomeadamente o prefeito (mayor), Topázio Silveira Neto, descendente de açorianos das ilhas de São Jorge e Terceira.

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