União Portuguesa Beneficente, banquete comemorativo dos 100 anos

by | Oct 8, 2025 | Eventos Comunitários

A ponte entre o passado, o presente e o futuro

Teve lugar no passado sábado, 4 de outubro, na sede da União Portuguesa Beneficente em Pawtucket, RI, que se ergue imponente no número 134 da Benefit Street, o banquete comemorativo dos 100 anos desta organização de socorros mútuos.

Presentes, além de representantes do movimento associativo em Rhode Island, empresários dos mais diversos ramos, o cônsul de Portugal em Providence, Eduardo Ramos.

Jorge Pacheco, presidente atual, e sua esposa Juddy Pacheco, primaram por apresentar uma sala com decoração de muito bom gosto a condizer com a data que se festejava.

Os 100 anos da União Portuguesa Beneficente, enquadram-se no já longo leque das presenças centenárias em Rhode Island onde se destacam a Associação Portuguesa Beneficente Dom Luiz Filipe em Bristol, com 133 anos e os 139 anos da igreja de Nossa Senhora do Rosário em Providence.

Se lá no assento eterno onde subiram “Memórias desta vida se consentem”, os destemidos e arrojados fundadores devem estar orgulhosos ao verem que a herança que nos deixaram mantém-se viva e ativa.

E aqui Jorge Pacheco e todos os destemidos e arrojados colaboradores são o exemplo real da nossa presença étnica em Rhode Island que não se intimidam às barreiras surgidas que ultrapassam em direção ao êxito.

Desde a primeira sede na Central Avenue, que a maioria desconhece, até à atual sede na Benefit Street, vai um trajeto cimentado pelo entusiasmo dos seus fundadores que criaram as condições para se atingir o centenário.

Construiu-se uma ponte entre o passado, o presente e o futuro.

Recordamos a passagem pela sede na Central Avenue. O banquete dos 75 anos, com Jorge Almeida no salão da igreja de Santo António em Pawtucket. A inauguração da nova e atual sede com Victor Andrade. Agora os 100 com Jorge Pacheco. Quem será o destemido a celebrar os 150?

Parabéns, antecipados.

A história a falar por si…

Tempos difíceis. Os tempos modernos contrastam com as dificuldades da “descoberta” dos EUA pelos arrojados portugueses ao que não é alheio o espírito dos descobridores Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, entre muitos outros, que abriram novos mundos ao mundo que os seguidores vieram desbravar.

Estamos em 1925, com RI a facilitar postos de trabalho nas minas de exploração de carvão. “Valley Falls” era disso um exemplo. Os tempos eram diferentes, mas a necessidade do poder associativo pouco difere do atual. Havia, tal como hoje há, necessidade de se juntarem. Falar a mesma língua, reviver os costumes e tradições.

A União Portuguesa Beneficente é disto um exemplo vivo. Foi aprovada pelo estado de RI a 23 de Abril de 1926. António Oliveira pagou $5.00 pelo imposto de incorporação.

Lamentavelmemte a UPB não tem dados escritos em que nos possamos debruçar para colher informação, pelo que são elementos como o saudoso Armindo Nunes, que, pelo que ouviram fazem a história da organização.

A União Portuguesa Beneficente teve origem na Califórnia em conjunto com a União Portuguesa Continental. Entre as sucursais espalhadas pelos EUA surgia a Sucursal nº 8, Luís de Camões em Pawtucket, com cerca de 50 membros.

A grande distância entre RI e Califórnia levava imenso tempo na resolução de problemas surgidos junto da sucursal 8, situação que viria a originar a independência da UPC da Califórnia.

Mas os problemas não se ficariam, quando os associados apenas queriam admitir membros originários do Continente. Isto originou a divisão das então criadas sucursais de Massachusetts e Rhode Island.

As sucursais de Massachusetts foram para Plymouth, onde se fundou a União Portuguesa Continental dos EUA, admitindo apenas membros oriundos do Continente.

Em Pawtucket fundou-se a União Portuguesa Beneficente, que admitia todos os filhos de bandeira portuguesa, sem distinção de cor, raça ou religião. Como nota curiosa, ambas as sociedades surgiram da União Portuguesa Continental da Califórnia.

Mas as “guerras” da independência não se ficaram por aqui.

Os sócios de Pawtucket participaram à Sociedade da Califórnia a decisão da sucursal Luís de Camões para se tornar independente. Porém havia membros que não concordavam e levaram a sucursal (Luís de Camões) para Valley Falls.

Em Pawtucket fundou-se então a União Portuguesa Benevolente, que mais tarde daria origem à União Portuguesa Beneficente.

Os nomes que mais se distinguiram na fundação da sociedade foram: António de Oliveira, Francisco Fernandes Ferrão, Armindo A. Albuquerque, José Pedro Monteiro, João C. Albuquerque, Diamantino Ventura, José Daniel Braga, José Thomas, António Coelho. João Abreu, Joaquim S. Miranda, José Augusto Tavares, Abrahão Tavares, José Coelho, Amadeu da Nave.

Foi escolhido por unanimidade para presidente António de Oliveira e para secretário temporário Armindo A. Albuquerque, cuja tomada de posse teve lugar no Clube Republicano Português (mais tarde Clube Social Português), na Pleasant Street, a 3 de Abril de 1926.

Como curiosidade podemos acrescentar que Armindo A. Albuquerque fez juramento de desempenhar as suas obrigações e com lealdade perante o notário público Charles A. Sylvia.

A primeira direção ficou assim constituída:

Presidente, António de Oliveira; vice-presidente, Joaquim Pina; secretário, José C. Albuquerque, tesoureiro, Joaquim O. Miranda;

Junta fiscal: Armindo A. Albuquerque, José P. Monteiro, Serafim Serafim Amaral. Junta de Saúde: Joaquim Tente, António S. Rita, Joaquim O. Miranda.

Aprovou-se o emblema e os estatutos ainda hoje em vigor. Uma outra curiosidade foi o facto de serem traduzidos para inglês por António Claúdio Vieira, proprietário do jornal “O Popular”.

Sucursais que fizeram história

– Sucursal n.º 1, “Esperança”, Pawtucket, RI, fundada em Outubro de 1926.

– Sucursal n.º 3 “ Marquez do Pombal”, Elizabeth, New Jersey, fundada em Abril de 1929.

– Sucursal n.º 4, “Filhos da União”, Cranston, RI, fundada em Abril de 1931.

– Sucursal n.º 8, “Filhos de Portugal”, Yonkers, NY, fundada em Maio de 1932.

– Sucursal n.º 10 “Aliança Colonial” Danbury. CT, fundada em Março de 1936.

– Sucursal n.º 12 “António de Oliveira”, Cumberland, RI, fundada em Novembro de 1957.

– Sucursal n.º 13 “Irmãos da União” East Providence, RI. (Voz do Imigrante CB/Club), fundada em Fevereiro de 1998.

– Sucursal n.º 14 “Coral Herança Portuguesa”, Providence, RI, fundada em Novembro de 1991.

Nomes que presidiram à UPB desde a fundação

António de Oliveira, (1925/26); Joaquim Pina, (1927); Francisco S. Ereio, (1928); Joaquim S. Tente, (1929-30); José Coelho, (1932-34); Aires J. Cunha, (1935-38); António Araújo, (1939-41); Augusto Brígido (1942-44); António Pinto (1945-46); Augusto Brígido (1947-48); António S. Gomes (1949); António Pinto (1950-52); Augusto Brígido (1953-54); António Gregório (1955-56); Armindo Nunes (1957); Augusto Brígido (1958-59), Manuel Andrade (1960-79), Augusto Brígido (1979); Gabriel Gregório (1980-82); Victor Andrade (1983); Gabriel Gregório (1984-85); Victor Andrade (1986-88); Jorge Almeida (1989); Victor Andrade (1990); Manuel Botelho (1992); Jorge Almeida (1993-95), Victor Andrade (1996-97); António Marques (1998-99); Jorge Almeida (2000).

Presidente com mais anos de mandatos

Manuel Andrade (1960-1979) figura com o maior número de mandatos, nada mais nada menos do que 19 anos de presidência.

Augusto Brígido (1942-44); (1947-48); (1953-54); (1958-59); (1979); surge com 6 mandatos. Victor Andrade (1983); (1986-88); (1990); (1996-97), com cincos mandatos.

Jorge Almeida, com dois mandatos, figura como o presidente mais novo da UPB.

 “A UPB é uma associação de socorros mutúos: não havia seguros, nem apoio à saúde, apoios mortuários e foi esta organização a criar todos estes serviços aos associados”  – Jorge Pacheco, presidente da UPB no centenário

Jorge Pacheco assumiu a presidência aos 100 anos de uma relevante presença portuguesa cuja história remonta a uma era de dificuldades de apoios familiares.

Não havia seguros, nem apoio à saúde, nem apoios mortuários e foi a UPB a criar todos estes serviços aos associados.

Jorge Pacheco faz história ao ser o presidente do centenário:

PT –  Quem é Jorge Pacheco?

JP – “Nasci na freguesia das Feteiras do Sul , Ponta Delgada,  28 de abril de 1958. Vim para os EUA em 1980. Em 1993 através do futebol fiz-me membro da UPB. Aos 35 anos entrei para a União Portuguesa Beneficente, Pawtucket RI, Sucursal Nº1, a partir de 9 de outubro de 1993. Iniciei-me como fiscal. E daí para cá não mais deixei de alternar posições até aos dias de hoje. Aos 28 anos de associado já ocupei a posição de presidente em 2006, 2012, 2013. E agora 2025”.

PT – Entre os vários cargos, com as mais diversas finalidades, tem feito história…

JP – “A história faz-se da dedicação que damos às posições que ocupamos. Já fiz parte dos Apelos e Julgamentos onde se analisam possíveis faltas surgidas entre associados. Neste meu trajeto tenho tentado ajudar a sociedade a progredir, quer nas vice-presidências, quer nas presidências. Tenho feito o meu melhor”.

PT – Foi difícil chegar ao centenário?

JP – “Com o contínuo desaparecimento dos mais idosos, mesmo com o desaparecimento de quem muitas vezes não se espera, vão-se registando lacunas de difícil preenchimento. Por vezes dizem que os mais idosos são chatos. Mas não podemos esquecer que são eles que levantaram esta casa. Que possuem os conhecimentos que, claro, adaptados aos tempos atuais, são a mola real da UPB”.

PT – Já mais do que uma vez ouvimos a referência de que a UPB não é um clube! O que nos diz?

JP – “Na verdade a União Portuguesa Beneficente é uma associação de socorros mútuos. Não havia seguros, nem apoio à saúde, nem apoios mortuários. E foi a UPB a criar todos estes serviços aos associados, razão pelo qual temos de organizar festas tendentes a gerar fundos disponíveis para estes apoios quando necessários”.

PT – Entre o passado e o presente já tiveram atividades relevantes que as mais diversas conjunturas levaram ao seu desaparecimento?

JP – “Temos as marchas populares a levar o nome da UPB ao Festival Português de Provincetown, Cape Cod, parada do 4 de julho em Bristol, desfilando perante milhares de pessoas, as Grandes Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra em Fall River, a desfilar perante largas dezenas de milhares de pessoas, parada do Dia de Portugal em Providence, a desfilar perante um mar de gente.  Temos a Irmandade do Espírito Santo a desfilar nas Grandes Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra em Fall River e tivemos o rancho Ramos de Oliveira e que foi muito bom enquanto existiu. Tivemos ainda futebol feminino”.

Victor Andrade, com 11 anos de presidência, pilar de sustentabilidade da União Portuguesa Beneficente

Victor Andrade nasceu em 1934 em Queluz, distrito de Sintra, localizado na área metropolitana de Lisboa.

Filho de Francisco Andrade, que tinha vindo para os EUA em 1910, após a revolução em Portugal conjuntamente com dois irmãos.

Durante a estadia nos EUA Francisco Andrade foi um dos fundadores do Clube Republicano Português, mais tarde Clube Social Português, a 5 de outubro de 1918, sem dúvida dados inéditos e contributivos para o historial do associativismo nos EUA.

Mas Victor Andrade trabalhou no hotel Fenix, Praça Marquês do Pombal, em Lisboa e veio para os EUA em 1966. É um pilar de sustento da União Portuguesa Beneficente. Ali recebeu o batismo no ano de 1969.

“Mas antes disso entrei para sócio do Clube Social Português em 1966. O meu pai foi um dos fundadores. E isto acontece porque o meu irmão e primos, já pertenciam àquela organização com sede na Pleasant Street em Pawtucket. Entretanto Manuel Andrade, que tinha um programa de radio, organiza uma excursão a Portugal em 1969, mas para se tomar parte da excursão tinha de ser sócio do Clube Social Português, o que concretizo em janeiro daquele ano”, refere Andrade, para acrescentar:

“Regressados aos EUA vou a uma reunião da Sucursal n.º 1 da União Portuguesa Beneficente ao Clube Social Português onde aquela se encontrava agregada. Naquela reunião, estávamos em 1971, fui convidado para recebedor, substituindo José Nunes, que já tinha uma idade avançada.

Em 1973 entrei para os corpos diretivos, posição que jamais abandonei. Fui secretário, segundo secretário, no ano em que Manuel Andrade faleceu, em 1975. Estávamos nos anos de grande atividade de António Gregório, Augusto Brígido. Em outubro de 1976, António Gregório, fica como presidente.

Assumo pela primeira vez a presidência da UPB em 1983. Fui homenageado na passagem dos 75 anos como “O presidente com mais anos de presidência”.

Assumo a presidência em 1983 logo após numa sequência de grandes nomes à frente desta organização, tais como Armindo Nunes, Augusto Brígido, Manuel Andrade. Segui a Gabriel Gregório, funcionário dos Serviços Sociais do City Hall de Pawtucket.

A União Portuguesa Beneficente, dada a sua grande amplitude de ação era apoiada por diversas sucursais que tiveram o seu início em 1926. E terminaram na administração de Judy Pacheco em 2022. Fui sempre contra o encerramento das sucursais.

Mas pensando bem sobre as dificuldades em arranjar diretores, achem por bem concentrarmos os nossos esforços na diretoria geral.

Quando fui presidente cheguei a dizer que enquanto vivo nunca concordaria com o encerramento das sucursais. Mas tive de dar a mão à palmatória e concordar com o seu encerramento.

Acabei por ser um elemento da revisão dos estatutos que alterava o funcionamento, passados quase cem anos de existência da UPB.

A situação chegou ao extremo de se ameaçar a entrega das chaves ao Consulado de Portugal em Providence. Mesmo assim a UPB mantém-se de portas abertas. Mesmo com as minhas dificuldades ainda pertenço à comissão de apelos e julgamentos.

Mas a idade não perdoa, já vou fazer 90 anos”.

Esta entrevista decorre no ano de 2023.

Ainda na vida das sucursais a sucursal N.1 entregou graças ao poder de iniciativa de Judy Pacheco à sede geral 50 mil dólares, para bolsas de estudo.

Victor Andrade é um nome incontornável na vida de êxito da UPB. Sempre sobe manter um clima de cordialidade entre os membros e diretores. “Na concretização das festas contei sempre com o apoio de Judy Pacheco, casada com Jorge Pacheco”.

A União Portuguesa Beneficente teve a sua primeira sede, integrada no Clube Republicano, mais tarde, Clube Social Português.

“Em 1962 a sede passou a funcionar num edifício da Central Avenue. Em 1982 fui eu que comprei por 95 mil dólares, aquele edifício/sede na Benefit Street. Eu é que era o presidente naquele ano”, conclui Victor Andrade

“Recordo numa das presidências de Victor Andrade em que a UPB esteve quase a atingir 1 milhão de dólares”– Astrid Tavares, 50 anos de secretária

Astrid Tavares é um livro aberto sobre os meandros da União Portuguesa Beneficente.

“Nunca fui presidente. Porque sempre gostei de falar sobre tudo o que fazia da UPB uma grande organização. O presidente não tinha direito a voto. Estatutos muitas vezes criticados, mas que conduziram aos 100 anos de successo”.

PT – Onde nasceu Astrid Tavares?

AT – “Nasci na cidade de Ponta Delgada, São Miguel, Açores.  Vim para os EUA a 29 de março de 1960. Tinha 20 anos. Completei o ensino básico e concluí o 7.º ano do Liceu. Após cconcluído o liceu fui trabalhar para os correios”.

PT – E como é que inicia o trajeto nos EUA?

AT – “Fui trabalhar para uma fábrica de tapetes que havia em Central Falls, propriedade de um português. Ali estive quatro anos.  Vive um ano naquela cidade. A minha mãe já se encontrava aqui. Antes de vir trabalhou na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, em 1958. O trabalho da minha mãe era reunir os dados familiares dos regressados e que queriam voltar à América. Uma espécie de identificação”.

PT – Mas voltando ao trajeto de Astrid Tavares na América surge mais uma ocupação…

AT – “Como estava fora do trabalho para tomar conta da minha filha, optei por começar a vender produtos “Avon”. A minha mãe trabalhava no “Health-Tex”. Entre eu e a minha mãe vendiamos muito bem”.

PT – Mas o trajeto na América tem mais uma mudança…

AT – “Dado ter o 7.º ano em Portugal e os consequentes conhecimentos, especificamente da língua inglesa, abrem-me as portas dos escritórios do Ann&Hope, onde trabalhei por 22 anos. Uma empresa que compreendia que os functionários tinham família e que apoiavam quando alguém adoecia”.

PT – E depois desta introdução como é que Astrid Tavares aparece na UPB?

AT – “Curioso. Quando cheguei a 29 de março de 1960, ao outro dia recebi a visita de António Teixeira, diretor da UPB. Mas só em 1961 é que oficialmente me tornei sócia. Era presidente Manuel Andrade. Desta forma me fiz sócia desta grande União Portuguesa Beneficente onde continua a pertencer 65 anos depois. Na primeira convenção em que estive presente fui convidada para secretária, funções que desempenhei por  cerca de 50 anos”.

PT – Mas nunca foi presidente…

AT – “Vou-lhe dizer porque é que nunca fui presidente. Porque o presidente não tinha direito a voto. O primeiro ano em que entrei para secretária, Victor Andrade, um dos presidentes com mais anos de administração, entrou para sócio. Naquela altura o presidente era Manuel Andrade”.

PT – Mas Astrid Tavares, no seu longo trajeto junto da UPB, acrescenta algo que é histórico…

AT – “Na presidência de Victor Andrade, a União Portuguesa Beneficente quase atingiu 1 milhão de dólares”.

PT – E o futuro?

AT – “Nos meus 85 anos e 50 de UPB tudo depende de como as novas gerações encararem a União Portuguesa Beneficente”.

“Arrisquei ser presidente da UPB com os olhares postos em mim em 1998-1999 sobre o que iria conseguir fazer” – António Marques, um dos mais jovens presidentes da UPB

António Marques, presente no banquete dos 100 anos da União Portuguesa Beneficente, não só assumiu a presidência como inovou em termos de atividades junto da UPB.

“Sou natural de Mangualde. Santa Luzia. Nasci em 1962. “Descobri” a América em agosto de 1978. Aproximadamente dois anos depois, nos anos 80, começo a fazer parte da UPB.”

PT – Quando começa a fazer parte dos corpos diretivos?

TM- “Comecei a fazer parte da UPB quando a sede ainda era na na Central Avenue em Pawtucket. Comecei por ser associado da Sucursal n.º 12 entre 1990 e 1992. Entre os pilares da organização com provas dadas de grandes administradores, surjo em 1998 como presidente da sede geral. Dos mais novos nessas funções”.

PT – É eleito presidente pela primeira vez em 1998. O princípio de mais administrações…

TM – “Arrisquei ser presidente com os olhares postos em mim em 1998-1999, sobre o que iria conseguir fazer. E mais tarde, em 2008/2009. Posso acrescentar terem sido administrações muito positivas e muito frutíferas”.

PT – Frutíferas?

TM – “Coloquei um telhado novo, dadas as condições degradadas da velha cobertura. Renovação total do salão e da cozinha. Ar condicionado. Teto do salão, com o apoio da minha esposa. E dando o seu a seu dono, com o apoio do Jorge Almeida criou-se a equipa de futebol feminino que fez digressão a Portugal. Estas atividades juntaram-se ao rancho Ramos de Oliveira, que já lá estava. Criaram-se por iniciativa da minha esposa as “cheerleaders”. Com Ludgero Fernandes criaram-se os Amigos da UPB, que se apresentavam montados em potentes motas. Entre passeios, encerrávamos as paradas do Dia de Portugal em Providence. Era um grupo colorido, um pouco barulhento, mas mantendo sempre os princípios da boa educação”.

PT – Suponho ter sido na sua administração que se iniciaram os tão populares convívios das sextas-feiras da UPB…

TM – “Sim. O resultado financeiro, de importância reduzida, por cada associado, para o convívio das sextas-feiras foi canalizado para o dístico no salão da União Portuguesa Beneficente. Com as bandeiras e símbolo da união. Tenho conhecimento de ter havido uma proposta para o dístico ser pintado com a mesma cor das paredes do salão para fazer desaparecer. O desenho do dístico da UPB no salão foi oficializado em ata. E só pode ser apagado com tinta, após ser discutido em convenção”.

PT – A UPB foi e continua a ser uma representação anual de grande vulto nas paradas das celebrações do Dia de Portugal/Rhode Island…

TM – “Durante as minhas administrações, assim como nas restantes, sempre houve o cuidado na representação da UPB nas paradas do Dia de Portugal. A qualidade era de tal forma que os nossos carros alegóricos eram sempre premiados. Além dos corpos diretivos, desfilava o rancho Ramos de Oliveira e mais recentemente desfilam as marchas. E os Amigos da UPB em motos encerravam a representação”.

PT – A UPB era constituída por sucursais que acabaram por ser integradas na sede geral. Estiveste de acordo?

TM – “Em princípio não estava. Mas depois tive de concordar, dada a falta de diretores. Tinhamos sucursais em Connecticut, em Valley Falls (Cumberland), juntamente com as existentes mais próximas da sede geral. Acontecia que ultimamente era quase impossível arranjar quem mantivesse as sucursais em atividade. Sendo assim foi inerente a união das sucursais à sede geral da União Portuguesa Beneficente”.

PT – Mais alguma coisa que queira acrescentar na passagem pela União Portuguesa Beneficente?

TM – “Desejar as maiores felicidades e grandes êxitos à direção presidida por Jorge Pacheco nas celebrações do centenário. Sim, porque os 100 anos celebrados em 2025 não se podem resumir ao dia 4 de outubro mas a todas as atividades que se desenvolvem ao longo do ano. Umas maiores outras mais pequenas”.

“Dentro das mais diversas iniciativass, em 2013 fundei as Marchas Populares da UPB sendo ainda presidente da Irmandade do Divino Espírito Santo da UPB, fundada em 1994” – Juddy Pacheco

Juvenália “Juddy” Pacheco tem sido a alma da União Portuguesa Beneficente nos últimos tempos. Tem sido responsável pela cultura e desporto, mais concretamente a cultura popular, base da nossa presença em terras americanas.

Judy Pacheco – “Nasci nas Feteiras do Sul, São Miguel e vim para os EUA em 1997 radicando-me em Pawtucket. Procurei, tal como toda a gente que aqui chega, atividades profissionais que me facilitassem o sustento diário”.

PT – Há quantos anos está ligada à UPB?

JP – “Já somo mais de 25 anos ligada à União Portuguesa Beneficente. Por volta do ano de 1998. Entrei, e pelos vistos com o pé direito, pois nunca mais saí. Fui convidada pelo saudoso Victor Andrade, mas tive de adiar o convite por motivos de ordem familiar”.

PT – Até que chegou o dia.

JP – “Aconteceu através da minha entrada para a Sucursal N.º 1. A entrada foi de tal ordem que fui tesoureira por mais de 10 anos consecutivos. Daqui passei para a diretoria geral”.

PT – E como e quando isto acontece?

JP – “No ano de 2002/2003 Jorge Pacheco (meu marido) assume a presidência sede geral. Assumi a posição de secretária. Mas como a minha ação tinha outras finalidades, assumi o cargo de Cultura e Desporto. Mas no meio de tudo isto fui presidente nos anos de 2020/2021/2022, período em que enfrentámos a pandemia, com as inerentes dificuldades que tiveram de se ultrapassar”.

PT – Houve iniciativas conseguidas na sua posição de responsável pela Cultura e Desporto?

JP – “No ano de 2013 fundei as  Marchas Populares da União Portuguesa Beneficente, iniciativa que leva o nome da UPB além Pawtucket. Foi no ano da presidência de Jorge Pacheco. Fui presidente desta iniciativa por vários anos. Sou presidente da Irmandade do Divino Espírito Santo da UPB, fundada em 1994 com a finalidade de ajudar os necessitados, numa ação que já ultrapassa os 20 anos de atividade. Temos desenvolvido várias atividades culturais que atraem a presença de associados e amigos”.

PT – E como o tempo não para chegou-se aos 100 anos. E depois…

JP – “Atingiram-se os 100 anos na administração de Jorge Pacheco. Não tem sido uma tarefa fácil mas conseguiu-se. Vamos encarar um futuro prometedor. Somos uma sociedade de socorros mútuos e benefícios mortuários. A Beneficente está aqui para assim como sou presidente ficar. Como em todas as a associações estamos esperançados no apoio dos mais jovens”.

Fotogaleria de PT/A. Pessoa:

0 Comments

Related Articles