A milagrosa sobrevivência de Mário Oliveira, Mayors portugueses com eleições este ano e West Point cancela homenagem a Tom Hanks

by | Sep 17, 2025 | Expressamendes

A milagrosa sobrevivência de Mário Oliveira

Realizou-se dia 9 de setembro em Mystic, Connecticut, a conferência anual da Associação de Chefes da Polícia da Nova Inglaterra, que este ano completou 100 anos de existência.

O evento foi liderado por Frank Frederickson, antigo chefe da polícia em Yarmouth, e o ex-detetive da polícia de Somerville, Mário Oliveira, foi um dos oradores, partilhando acontecimentos traumáticos que viveu em novembro de 2010.

A intervenção de Oliveira centrou-se na sua jornada de recuperação e na forma como ajudou a alterar algumas leis estaduais para ajudar os polícias no futuro.

Mário nasceu em São Miguel, Açores, e imigrou menino para Somerville, com os pais, Margaret e Humberto Oliveira, e o irmão, João.

Alistou-se em 1997 na polícia de Somerville, que faz parte da área metropolitana de Boston, sendo mais tarde promovido a detetive.

No dia 2 de novembro de 2010, o detetive Mário Oliveira foi destacado para tentar localizar um traficante de armas fugitivo. O seu parceiro era o agente Brian Higgins e avistaram o Honda Accord vermelho do suspeito estacionado na Gibbens Street.

Solicitaram a ajuda do tenente Joe McCain e do sargento Jerry Reardon, da Polícia de Somerville e, por volta das 18h00, quando o suspeito se dirigiu para o carro, Mário deu-lhe voz de prisão, mas o outro abriu fogo e atingiu o detetive com seis tiros à queima-roupa, dois no peito, dois no estômago e dois no braço.

Mário, que não usava colete à prova de bala, caiu de costas no passeio e não conseguia mover-se. Higgins agarrou a parte de trás da gola do colega e arrastou-o para detrás de um carro. Higgins, Reardon e McCain responderam ao fogo e o suspeito, de 21 anos, foi abatido.

Mário foi transportado para o Massachusetts General Hospital, onde foi submetido a várias cirurgias pelo dr. David King, um médico do serviço de trauma que ficou famoso pelo seu trabalho com as vítimas do atentado da Maratona de Boston, em 2013.

“É algo realmente impensável”, diz Mário Oliveira. “Levei seis tiros. Morri três vezes nessa noite no hospital”.

O coração de Mário parou três vezes na mesa de operações, mas a equipa cirúrgica conseguiu salvar-lhe a vida. Cinco meses depois, regressou ao trabalho, mas sofreu um ataque cardíaco em novembro de 2011 e soube que já não poderia servir como polícia devido à gravidade dos ferimentos causados pelos tiros no ano anterior. Cinco anos depois, em junho de 2015, Mário voltou a sofrer um acidente vascular cerebral em consequência do tiroteio.

Mas para receber a pensão a que tinha direito Mário Oliveira teve que requerer e ser aprovado primeiro pela junta autárquica de Somerville e depois pela Legislatura estadual de Massachusetts.

Assim, em 2014 decidiu fundar a Violently Injured Police Officers Organization (V.I.P.O) e hoje dedica a sua vida a garantir que outros polícias e as suas famílias têm os recursos necessários quando um polícia é morto ou violentamente ferido em serviço.

De parceria com Keith Knoteck, Mário Oliveira já publicou um livro sobre a sua miraculosa sobrevivência intitulado “Gunrunner: the Mário Oliveira Story” e não lhe falta que fazer. Em 2023, por exemplo, foram mortos 56 polícias nos Estados Unidos.

 

Mayors portugueses com eleições este ano

Realizaram-se dia 9 de setembro eleições primárias no estado de Connecticut, onde residem cerca de 50.000 portugueses e lusodescendentes, sobretudo nas cidades de Bridgeport, Waterbury, Naugatuck e Danbury (86.759 habitantes), cujo mayor, Roberto Alves, nasceu em Portugal mas vive desde os cinco anos de idade nos EUA.

Alves, que é democrata, é candidato ao segundo mandato em 4 de novembro e tem como oponente o conselheiro municipal republicano Emile Bizaid Jr., dono de uma loja de instrumentos musicais.

Em Peabody, Massachusetts (54.119 habitantes), o lusodescendente Edward A. Bettencourt é mayor desde 2011 e é candidato ao oitavo mandato nas eleições de 2025, tendo como oponente Rochelle A. Agneta, proprietária de um salão de beleza.

Ainda em Massachusetts, na cidade de Fall River (93.773), temos este ano eleições com dois lusodescendentes (Gabriel Amaral e Carlos César), concorrendo contra o mayor Paul Coogan, que é candidato ao quarto mandato.

Em Rhode Island, Roberto L. da Silva é mayor de East Providence (47.139) desde 2019 e Steven Contente é administrador de Bristol (22.000) desde 2016, mas Rhode Island tem eleições municipais em 2026 e o mesmo acontece no estado de New York, onde Paul A. Pereira, nascido em Veiros, Estarreja, é mayor de Mineola, Long Island, e já vai no quarto mandato.

 

West Point cancela homenagem a Tom Hanks

O nosso Tom Hanks (é bisneto de açorianos pelo lado materno) tornou-se inesperadamente o mais recente alvo das críticas de Donald Trump, após a decisão da Academia Militar de West Point de cancelar a cerimónia em que o ator receberia no próximo dia 25 de setembro o prestigioso Prémio Sylvanus Thayer de 2025.

A honra é concedida anualmente desde 1958 “a um cidadão excecional dos Estados Unidos cujos serviços e realizações no interesse nacional exemplificam a devoção pessoal aos ideais” da academia “de dever, honra e país”.

Em junho, West Point publicou no seu site um texto sobre a atribuição do prémio ao ator, lembrando que Hanks há muito apoia os veteranos dos EUA e que os filmes protagonizados por ele (O Resgate do Soldado Ryan por exemplo) e a série de televisão Band of Brothers, que produziu e realizou, refletem o seu apoio “aos veteranos, às Forças Armadas”.

West Point também mencionou que Tom Hanks foi o porta-voz nacional da campanha do Memorial da Segunda Guerra Mundial, inaugurado em Washington, DC, em 29 de maio de 2004 e que homenageia os 16 milhões de pessoas que serviram nas Forças Armadas dos EUA durante o conflito e os mais de 400,000 que deram a vida pelo seu país.

Tom Hanks foi também presidente honorário da campanha do National WWII Museum existente em New Orleans, presidente da campanha dos Heróis Ocultos da Fundação Elizabeth Dole, em 2006 foi proclamado membro honorário do Hall da Fama dos Rangers do Exército dos EUA e em 2023 fundou a Hanx for the Troops, uma empresa de café sem fins lucrativos que apoia veteranos e as suas famílias com uma parte dos lucros e iniciativas.

Mas Hanks é também democrata, contribuinte generoso das campanhas de Barack Obama, Hillary Clinton e Joe Biden, e um crítico habitual de Donald Trump.

A semana passada, o jornal Washington Post relatou que o coronel reformado do Exército Mark Bieger, presidente da Associação de Graduados de West Point, enviou dia 5 de setembro um e-mail ao corpo docente da instituição informando que a associação não realizará a cerimónia de atribuição do Prémio Thayer a Tom Hanks, sem esclarecer contudo se o prémio foi revogado ou se será entregue noutro formato.

 

Trump comentou a decisão na sua própria plataforma, Truth Social, afirmando que foi sábio da parte de West Point cancelar a cerimónia e rotulou Hanks de “destrutivo”.

Mas o que Trump e a West Point não podem desmentir é que, embora Tom Hanks nunca tenha ido à tropa, as forças armadas dos Estados Unidos aproveitaram-se do seu prestígio e da sua popularidade.

Por outro lado, uma vez que este deve ser o último mandato de Trump na Casa Branca, o mais certo é West Point vir a retratar-se e Tom Hanks receber o prémio em 2028 ou 2029, e com um pedido de desculpas.

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