Cónego Hélder Fonseca Mendes na qualidade da mais alta entidade eclesiástica, presente, foi o convidado às Grandes Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra.
Nasceu em Angra do Heroísmo em 1964. Ali frequentou o Seminário Episcopal. Foi ordenado em 1988. Vigário Geral da Diocese de Angra (2005-2023), período durante o qual efetuou a sua primeira visita às Grandes Festas em Fall River. Professor de Teologia Prática no Seminário Episcopal de Angra, é atualmente presidente da Assembleia Geral da Confederação Operária Terceirense.
Propositadamente, deixamos passar as festas para depois ouvir de sua justiça as impressões do que viu.
“Temos aqui algo semelhante às fontes de onde vieram. Mas também vejo muito diferente. Diferente da inclusão de diferentes tradições englobadas no mesmo sítio. Como por exemplo a questão do bodo de leite com cortejo etnográfico. A tradição do bodo de leite nos Açores é particularmente de origem terceirense. Mas está associado às festas de verão, com exposição de gado. E não relacionado com as festas do Espírito Santo. Aqui vejo que as pessoas têm necessidade de aglomerar diversas componentes para fazer a festa. Como é o caso das coroações que no nosso caso são muito mais simples. Aqui tem uma tradição muito forte. É na verdade impressionante como toda esta multidão se expõe ao sol e ao calor que se faz sentir. Foi para mim uma surpresa ver tanta gente, por tantas horas estar exposta ao sol e ao calor. Temos aqui uma dimensão a que não estou habituado. Nesta forma de festejar o Divino Espírito Santo. Isto é uma festa muito própria daqui e não deve ser copiada para mais lado nenhum”.
PT – Mas, não concorda com o cortejo etnográfico no âmbito das festas do Espírito Santo?
“Não. Não é isso. As pessoas fora da origem têm de se servir de todos os estratagemas para atrair as gentes por aqui radicadas. Se já estamos há cerca de quarenta anos a organizar o cortejo etnográfico do bodo de leite e sempre com êxito não resta outra alternativa senão dar-lhe prosseguimento e foi este o modelo que encontraram e que as pessoas gostaram. Tivemos o exemplo este sábado com os passeios cheios desde o princípio ao fim. Terá de se ter em conta as novas gerações, se será este o modelo que gostam, ou se preferem outro tipo de cortejo etnográfico. É de louvar a sua realização não obstante o trabalho que dá”.
O que nos diz pela presença do bispo D. Edgar Cunha na missa de coroação?
“Ter um bispo, num domingo, só para uma comunidade. E ainda a falar português, é notório”.
Já não é a primeira vez que participa nestas festas?
“Já há 18 anos participei nestas Grandes Festas do Espírito Santo aqui em Fall River. Na altura era vigário geral e as cerimónias e a procissão saía da igreja de St Anne. Agora vim também a convite do diretor regional das Comunidades para falar sobre o culto e a devoção ao Divino Espírito Santo no I Fórum Global do Espírito Santo, na Casa dos Açores da Nova Inglaterra em Fall River.
Mas voltando às festas, vi muita juventude a participar, quer no cortejo etnográfico de sábado, quer na procissão de coroação de domingo. Por lá faz-se festa, quando a distância de casa é efetuada a pé. Aqui faz-se festa, com a maioria a fazer horas de carro para vir à festa”.
Acredita na continuidade das festas?
“Não digo que sim. Nem que não. Tudo depende da interpretação das novas gerações. Não as vejo a fazer as festas dentro dos moldes que fizeram os pais e avós. Mas poderão ter continuidade”.




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