Entrevista: Marcia Sousa, presidente das Grandes Festas 2025

by | Aug 20, 2025 | Eventos Comunitários

As Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra atingiram um patamar de responsabilidade que a sua realização se torna cada vez mais exigente. Com sucessivas declarações de ilustres e responsáveis convidados. Falamos em presidentes, ministros, secretários de Estado, bispos, que dizem são das maiores senão as maiores no mundo português fora de Portugal. Dizem mesmo “Nunca vi no mundo que visitei nada semelhante”. Declarações gravadas nos suplementos do Portuguese Times, que certamente imortalizam os feitos das Grandes Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra.

 

O que é que a levou a assumir tal responsabilidade

Márcia Sousa – “Aceitei este compromisso com o coração cheio de fé, movida por uma promessa feita ao saudoso e estimado Joseph Silva e pelo profundo dever de honrar e preservar as nossas raízes, cultura e tradições. Como emigrante e devota do Divino Espírito Santo sinto, de forma muito especial, a responsabilidade de manter viva esta herança, transmitindo-a às gerações futuras. Estou, contudo, plenamente consciente de que sozinha nada conseguirei realizar. O verdadeiro sucesso destas festividades só será possível através do envolvimento, da dedicação e da colaboração de toda a comunidade. É na união de esforços que reside a força para perpetuar a devoção e as tradições que nos definem como povo. E também sem o apoio do meu marido Daniel, dos meus filhos António e Sofia, de familiares e amigos não teria conseguido aceitar esta responsabilidade. Aproveito esta oportunidade para publicamente lhes agradecer do fundo do coração”.

 

Nota-se uma diversidade de origem das ilhas dos Convidados. Aconteceu ou foi propositado?

M.S. – “As celebrações deste ano contam com a presença de convidados oriundos de várias ilhas dos Açores, reafirmando o compromisso da organização em manter um espírito inclusivo e representativo de todo o arquipélago. Com particular satisfação será recebida a visita do presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, engenheiro Luís Garcia, bem como do cónego Hélder Fonseca Mendes e do padre Nuno Sousa. A comunidade local também se fará representar com destaque, através dos empresários Kevin Santos e Fernando Santos, personalidades reconhecidas pelo seu contributo empresarial e comunitário para o fortalecimento dos laços culturais e sociais entre os açorianos na diáspora. A presença destes ilustres convidados permitirá que a festa simbolicamente percorra as ilhas de São Miguel, Faial e Terceira, unindo-as num só momento de celebração, tradição e identidade partilhada”.

 

Quais foram os maiores desafios na organização desta edição das festas

M.S. – “As festividades deste ano decorreram segundo o modelo adotado nos últimos anos, preservando a estrutura e os momentos que já se tornaram marca da tradição comunitária. No entanto, a organização enfrenta, anualmente, o desafio de mobilizar e convencer as várias irmandades a participar, tarefa que exige persistência e diálogo constante. A estas dificuldades soma-se o peso crescente dos custos, nomeadamente com a segurança — assegurada pela presença policial — e com as despesas associadas à montagem do parque. Estes fatores financeiros representam um obstáculo adicional para a continuidade e sustentabilidade do evento. Outro ponto que tem despertado preocupação é o envelhecimento dos membros das irmandades, bandas filarmónicas e demais organizações participantes e o desinteresse dos mais jovens. O avanço da idade dos elementos mais ativos, aliado à dificuldade em motivar os mais jovens para se envolverem neste tipo de iniciativas, levanta algumas questões sobre o futuro da tradição. Apesar destes desafios, a realização das festas mantém vivo o espírito comunitário, fortalecendo laços e reafirmando a importância de preservar um legado cultural que resiste ao tempo e às adversidades”.

 

Cortejo etnográfico do bodo de leite e procissão de coroação são os dois pontos altos que movimentam milhares de pessoas. Está tudo a postes para que volte a ser uma realidade?

M.S. – “O cortejo etnográfico e a tradicional procissão foram organizados com grande cuidado e dedicação pelos responsáveis, que não mediram esforços para garantir a autenticidade e o brilho destes momentos tão significativos. Contudo, o verdadeiro sucesso destas celebrações depende da boa vontade, do empenho e do entusiasmo das várias irmandades que nelas participam. Mais do que uma simples celebração, o cortejo e a procissão são um testemunho vivo do orgulho açoriano em manter tradições seculares, transmitidas de geração em geração, e um símbolo da força cultural que a comunidade preserva, mesmo a milhares de quilómetros do arquipélago. A participação ativa e a união de todos são essenciais para manter a nossa posição de liderança cultural e comunitária neste país que nos acolheu — os Estados Unidos da América — mostrando ao mundo que as raízes açorianas permanecem fortes, vibrantes e cheias de vida”.

 

Para concluir um convite à comunidade

M.S. – “Para concluir gostaria de fazer um agradecimento final e um apelo de coração. Em nome da organização das Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra expresso o nosso mais sincero agradecimento a todos aqueles que, com dedicação e espírito de serviço, tornam possível esta grande celebração: às irmandades e comissões organizadoras; às bandas filarmónicas, grupos folclóricos, folias, coros e artistas; aos patrocinadores, restaurantes e empresas locais; à comunidade religiosa da Igreja de Saint Anne e da Catedral de Santa Maria e de todas as Igrejas de origem portuguesa; à Diocese de Fall River; à administração da cidade de Fall River; ao Governo da República Portuguesa e ao Governo Regional dos Açores, aos órgãos de comunicação social; à FLAD  e sobretudo ao empenho de todos os voluntários e a todos aqueles que de uma forma ou de outra prestam o seu contributo e tornam a realização destas festas possíveis. As celebrações reúnem fé, cultura e convívio preservando um legado que atravessa gerações e une açorianos de várias ilhas e famílias residentes nos Estados Unidos. Este é um momento para vivermos juntos a nossa devoção, reafirmarmos as nossas raízes e fortalecermos os laços que nos ligam enquanto comunidade. Convidamos todos — famílias, amigos, jovens e idosos — a juntar-se a nós, trazendo o seu entusiasmo e participação para que possamos, em união, engrandecer estas festividades e perpetuar esta nobre tradição. O nosso apelo é para toda a comunidade para participarem nas Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra, um dos mais significativos e emocionantes momentos de encontro e devoção dos açorianos na diáspora, mas também a que cada açoriano se sinta embaixador destas festas e promova este evento com o entusiasmo de quem conta a sua história e se responsabiliza em deixar este legado. Que o Divino Espírito Santo nos ilumine e abençoe, guiando-nos neste momento de fé e celebração.

 

 

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