WJFD: 50 anos de rádio em língua portuguesa

by | Jun 25, 2025 | Cultura outros, Eventos Comunitários

A aposta forte numa programação diversificada, de qualidade e no aproveitamento de novas tecnologias para melhor servir os ouvintes

É a única rádio portuguesa com 50 mil watts em FM fora de Portugal emitindo em português 24 horas por dia para os estados de Massachusetts, Rhode Island, New Hampshire, Connecticut, Maine e parte de New York (Long Island). Trata-se da maior rádio portuguesa da América do Norte.

São 50 anos a prestar um serviço útil à comunidade de língua portuguesa, divulgando os costumes, tradições e cultura em geral projetando as iniciativas sócio-culturais da comunidade da Nova Inglaterra, e unindo as diferentes comunidades abrangidas pelo seu enorme radio de ação. E tudo isto na linguagem universalista que é a música.

Efetivamente, a WJFD tem sido um instrumento importante nessa missão de manter os seus ouvintes bem informados, com notícias de hora a hora, de Portugal, das regiões autónomas da Madeira e Açores e aqui da nossa região, constituindo uma referência incontornável de qualidade na comunicação social da diáspora lusa. Para além de assumir esse papel de preservar a cultura lusófona e de reforço de identidade cultural, a WJFD tem desempenhado um papel não menos importante no que se refere à integração e participação da comunidade lusófona na vida social e política deste grande país (incluindo imigrantes provenientes de Portugal, Brasil e Cabo Verde).

Na internet, a WJFD-FM, Inc., a celebrar meio século de existência, é também a única rádio de língua portuguesa na plataforma iHeartRadio e “smart speakers”.

Como forma de reconhecer a preferência dos seus ouvintes, a WJFD tem atribuído diariamente certificados no valor de $50, mediante um concurso e cuja oferta termina a 23 de junho.

“A melhor forma de celebrarmos o cinquentenário é com os nossos fiéis ouvintes não esquecendo também os nossos patrocinadores que nos têm apoiado ao longo dos anos, pois sem estes dois elementos não haveria rádio”, sublinha Paulina Arruda, reconhecendo que fazer rádio é luta diária de sobrevivência e de ultrapassar obstáculos, um desafio conseguido à custa de uma equipa de autênticos profissionais, também eles empenhados em dar o melhor de si em benefício dos ouvintes e da comunidade em geral.

“Acho que a comunicação social em geral atravessa uma fase difícil de adaptação face às novas tecnologias, novos métodos, novas audiências e temos que ir em busca de soluções para melhor servir a clientela e reconheço que ser uma rádio étnica portuguesa, independente, nos EUA, traz-nos mais dificuldades e outro desafio muito maior, face a um mercado mais restrito, lusófono, mas temos conseguido concretizar os nossos objetivos, sempre exigindo o máximo, em termos de tecnologia: damos muita importância à qualidade do som e para isso é preciso um acompanhamento rigoroso das novas tecnologias e o aproveitamento de meios para melhor e mais abrangente transmissão com a implementação de novas plataformas digitais, pelo que estamos sempre atentos a tudo isso e em termos jornalísticos, com a criação de novos programas e de recursos humanos. E aqui também temos tido a felicidade de sermos dotados com uma equipa de funcionários com larga experiência, que se esforçam e que dão o melhor de si para benefícios dos nossos ouvintes”, referiu ao PT Paulina Arruda, que com o marido, o advogado Henry Arruda, são os proprietários da WJFD-FM 97.3, a maior rádio portuguesa na América do Norte, com 50 quilowatts de potência, um dos mais influentes e poderosos órgãos de comunicação social portugueses na diáspora.

A WJFD não ficou parada no tempo, modernizou-se e adaptou-se aos novos tempos correspondendo às exigências dos seus ouvintes. Assim, na sua programação diária, para além de programas informativos e muito úteis à comunidade lusófona, a WJFD apresenta-nos as últimas novidades musicais do mundo lusófono, com maior incidência para Portugal.

Tudo começou em 1975

A 23 de junho de 1975, o saudoso dr. Edmund Dinis, que veio para os EUA com apenas meses de idade, tornou-se num conceituado advogado e procurador de justiça, e era um grande admirador e impulsionador da língua e cultura portuguesas, tendo aquirido a licença da rádio na frequência de 97.3 FM, que advém da WBSM-FM (1950-1972) e depois WGCY (1972-1975).

Jacinto Ferreira Dinis, também conhecido por Jesse Ferreira Dinis, era na realidade um importante líder comunitário, distinta e carismática figura política, que concorreu ao Congresso dos EUA em 1947, e um grande defensor dos portugueses na área de New Bedford-Fall River.

Tal como o seu pai, o dr. Edmund Dinis, cujos avós fixaram residência nesta área em 1892, concorreu ao Congresso dos EUA em 1968 e 1976.

Tal como o dr. Edmund Dinis, Henrique e Paulina Arruda e todos os colaboradores da WJFD e Portuguese Times, estão também empenhados em promover a língua e cultura portuguesas.

No ano de 1982 a WJFD começou a transmitir a partir de uma nova torre de 600 pés de altura, para desta forma aproveitar toda a sua potência de 50 mil watts.

Para além do aproveitamento das novas tecnologias, é igualmente importante apresentar uma programação equilibrada e diversificada.

“Estamos sempre a par do que se passa em termos de novidades musicais em Portugal (tudo em formato mp3), sempre atentos para melhor servir a nossa vasta audiência, que consta de vários escalões etários e diferentes gostos e para isso temos de apresentar uma programação rica e diversificada e é este o grande desafio dos nossos locutores de serviço: ou seja ter em conta todas as idades e respetivos gostos musicais, o que não é fácil, mas tudo se consegue com base na consensualidade”, esclarece Paulina Arruda à reportagem do PT, nos estúdios desta grande e prestigiada rádio portuguesa, em 651 Orchard Street, Howland Place (3º piso) em New Bedford, MA, acrescentando ser necessário e fundamental para o sucesso desta iniciativa, “conhecer e onde está a sua vasta audiência e as suas preferências”.

Alguns programas estão incluídos e podem ser consultados no arquivo digital no sistema de podcast.

Por sua vez, Jorge Morais, diretor geral da WJFD, com larga experiência e mais de quatro décadas de rádio, 38 dos quais nesta rádio de New Bedford, realça o apoio da comunidade e do tecido empresarial.

“Com o apoio dos nossos ouvintes e patrocinadores, uma equipa dedicada de profissionais e uma entidade patronal que nos proporciona todas as condições para um trabalho digno e de qualidade, temos mantido esta rádio no ar, com emissões ao vivo, a partir das 6H00 da manhã até às 10h00 da noite. “Bom Dia”, com Carlos Félix, dá o mote de um programa animado para iniciar o dia com o pé direito, seguindo-se o programa “Rotação 97”, geralmente apresentado por Jorge Morais e Rita Alves, para, pelas 14h00 Diana Garcia apresentar o seu “Hora de Ponta”, que leva o ouvinte até às 18h00, altura em que Dionísio Garcia apresenta o seu “Paralelo”, não esquecendo os noticiários da comunidade, com Carlos Félix, pelas 9h00, 12h00, 15h00 e 21h00 e um breve apontamento de Culinária, com Rita Alves, pelas 9h00, meio-dia, 16h00 e 21h00 horas. Aos sábados, entre as 10h00 e as 14h00, Dionísio Garcia, apresenta o programa “Super Sábado”, alternando com Melanie Teixeira.

O serviço de notícias de Portugal, em cadeia com a Antena 1, da RDP, acontece a toda a hora, com os noticiários das regiões autónomas dos Açores, pelas 8h00 e 20h00 horas e da Madeira, pelas 19h00, e ainda o Jornal das Comunidades, da RDP Internacional, diariamente pelas 18h00.

Um dos programas com grande audiência é o “Fair Play”, às segundas-feiras, espaço dedicado ao desporto com transmissão entre as 18h00 e as 21h00, com Dionísio Garcia e João Gonçalves. Para além disso, Irene Amaral apresenta ocasionalmente o programa “Contraponto”, uma série dedicada à promoção da literatura, publicada pela Tagus Press com o apoio do Center for Portuguese Studies and Culture da UMass Dartmouth. João Saavedra anima as manhãs de domingo, entre as 8h00 e o meio-dia, e entre as 19h00 e 21h00 Cláudio Canadá modera o programa “Raízes do Brasil”, dirigido à comunidade brasileira.

A WJFD, dotada de um website muito funcional e sempre atualizado, aposta também no audiovisual através das redes sociais, com reportagens via Facebook em eventos que justificam tal, nomeadamente as maiores manifestações sócio-culturais dos portugueses nesta região e que fazem parte do calendário comunitário anual.

Para Jorge Morais, para além do equipamento técnico e de uma programação variada, há que ter em atenção outros pormenores que podem parecer fúteis, mas que na realidade enriquecem um órgão de comunicação social. “Um locutor tem que ter sempre presente que as pessoas querem é ouvir música, ou ouvir os conselhos de um convidado em estúdio e há que ter em atenção a qualidade dos trabalhos musicais, da sequência de programação musical, ou seja, há que seguir um critério de género musical”, esclarece o gerente geral da WJFD, que conclui: “Um bom locutor é aquele que diz muito em poucas palavras”.

Para Paulina Arruda, este projeto WJFD, para além de uma equipa de excelentes profissionais, na aposta em equipamento de alta qualidade e no aproveitamento das últimas novidades da tecnologia, tudo isto é possível graças ao apoio do tecido empresarial e das suas iniciativas. “No concluir de 50 anos de existência, é cada vez maior a vontade de servir mais e melhor os ouvintes, divulgar a língua portuguesa, captar novas audiências e acompanhar a evolução tecnológica, apostando fortemente na qualidade e reinventando-se constantemente para continuar cada vez mais a ser a grande rádio portuguesa na América do Norte… Muito obrigado a todos aqueles que continuam a apoiar-nos e sabemos que temos essa responsabilidade no sentido de contribuirmos para defesa e reforço da nossa língua e cultura portuguesas”, conclui Paulina Arruda, que com o marido adquiriram em janeiro o Portuguese Times, outro órgão de comunicação social de referência na comunidade lusófona da Nova Inglaterra, com 54 anos de existência.

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