Dia de Portugal na Nova Inglaterra: a força do querer


A comunidade portuguesa prepara-se para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, em tempo de pandemia, mas que não impede que celebremos com o mesmo entusiasmo, de forma exteriorizada, mas ainda longe dos aglomerados dos arraiais, paradas e convívios.
A verdade é que, mesmo assim, louve-se o esforço das diversas comissões organizadoras e esta grande vontade de afirmação, de reforçarmos a nossa identidade e orgulharmo-nos das nossas origens não obstante as adversidades do momento.
Repare-se no caso de Rhode Island, que vai celebrar na medida do possível o nosso dia com um programa extenso (de maio a setembro) e que, face a todas estas condicionantes, tudo fez para celebrar dignamente o Dia de Portugal. Desde um torneio de golfe (já realizado) a um festival no centro de Providence e cerimónias do içar das bandeiras dos EUA e de Portugal em sete municípios, a uma feira de gastronomia e folclore a acontecer em setembro. Bravo. Esta comissão organizadora demonstra que quando há vontade tudo é possível. É um exemplo para outras comunidades lusas na diáspora. Bem hajam!
O mesmo pode dizer-se em relação a Fall River, que na impossibilidade de organizar o nosso dia em junho, anunciou há vários meses o adiamento para agosto. E vai certamente acontecer, de 19 a 22 de agosto, com um programa musical de excelente qualidade e que promete também atrair muita gente ao Parque das Portas da Cidade, não esquecendo ainda toda a família, designadamente com a introdução de atrativos para a pequenada. Excelente! Isto deve-se a uma ativa comissão formada por gente com capacidade empreendedora e que teima em apresentar algo de qualidade que dignifique a comunidade portuguesa. 
New Bedford vai também celebrar o Dia de Portugal, mas com um programa que se cinge apenas a uma cerimónia do hastear das bandeiras no City Hall, com a participação de rancho folclórico ligado à Discovery Language Academy. A comissão organizadora tudo fez para que tal acontecesse e aqui também louve-se esse esforço. Na realidade seria impensável organizar um arraial na Acushnet Avenue perante as atuais condições de saúde pública. No próximo ano assinala-se os 25 anos da realização do arraial à portuguesa na Acushnet Avenue. Seria bom começar já a organizar um programa que dignifique a comunidade da cidade baleeira, com o envolvimento das organizações, clubes e restaurantes da região, como aconteceu no passado. Mas para isso há que criar condições e incentivos para o seu regresso. Contudo, há que defender o trabalho árduo da comissão, que tem pouco ou nenhum apoio do município local. Afinal de contas a comunidade portuguesa de New Bedford e arredores tem dado um enorme contributo para o desenvolvimento desta cidade a todos os níveis. Enfim...
O que interessa realçar é que vamos celebrar a nossa cultura, língua e identidade de forma orgulhosa e patriótica aqui neste grande país que nos acolheu de braços abertos, com quem Portugal mantém profundas relações históricas e de amizade e para as quais muito têm contribuído os portugueses aqui residentes ao longo de mais de duzentos anos.
Efetivamente as comunidades portuguesas nos Estados Unidos têm desempenhado um papel importante no reforço dessas relações entre os dois países como também têm contribuído de forma clara e inequívoca para o enriquecimento cultural, social e económico deste país e isso manifesta-se através de diversos sinais e concretizações dessa presença, de costa a costa, de tal forma que são publicamente reconhecidas tanto a nível municipal, estadual e federal. Há na realidade inúmeros muitos exemplos de individualidades e coletividades que têm merecido esse reconhecimento público tanto por parte das mais altas entidades deste país como ainda da terra de origem, precisamente pela forma como cultivamos e incutimos nos nossos filhos e netos os mais sublimes valores e virtudes que nos elevam a uma dimensão humana de realce, para além do contributo em várias áreas de atividade: inovação, ensino, investigação, ciência, arte, desporto, etc. e isso é sem dúvida motivo de orgulho para todos nós. 
Desta vez teremos a honrosa presença de Berta Nunes, secretária de Estado das Comunidades, que nos visita pela primeira vez e que certamente será testemunha da forma efusiva e afetiva como celebramos os nossos costumes, tradições e cultura por estas paragens.