Privatização da Azores Airlines é para avançar e reforçado plano para América do Norte


 


“O grupo SATA tem a intenção de continuar a investir na operação dos EUA e que pretende manter pontos de venda físicos acessíveis aos que precisam do seu apoio, designadamente clientes com menor acesso às soluções digitais. Tal como explicado no encontro realizado a semana passada, a presença da “Discover the World” na operação comercial da Azores Airlines em nada compromete a existência de pontos físicos de venda... Ambos podem coexistir pois retratam a realidade do mercado em que a Azores Airlines opera”.
- Gabinete de Marca e Relações Externas da SATA em nota enviada ao Portuguese Times

 

Muito se tem falado nos últimos tempos da SATA, a transportadora aérea açoriana que tem servido os açorianos desde 1941 e que a partir de 1995 começou a operar para fora do território, ao voar para Lisboa utilizando um Boeing 737-300. Em 2000 a SATA começa a voar regularmente para os EUA e Canadá, na sua missão importante de aproximar as comunidades açorianas da região ao mercado da saudade. Com uma frota para voos internacionais de cinco Airbus A321neo, a SATA tem vindo claramente a melhorar os serviços destas rotas, a todos os níveis, incluindo o da pontualidade fundamental para “lavar a cara” de erros do passado e melhorar (recuperar) a sua imagem no exterior, sobretudo junto dos açorianos dos EUA e Canadá, que continuam a ser bread & butter desta rota.

Na sua edição de 01 de julho, Portuguese Times publicou um apontamento sobre a conferência que o atual presidente do conselho de administração do Grupo SATA, no âmbito do Encontro dos Órgãos de Comunicação Social da Diáspora. Luís Rodrigues referiu, na ocasião que ao assumir o cargo deparou-se com uma situação caótica. “Ao assumirmos a chefia do grupo SATA viemos na realidade encontrar um cenário de uma companhia completamente falida, no caos, com a situação a agravar-se com a pandemia, de tal forma que, ao apresentarmos à União Europeia, foi-nos dito literalmente: “Esta companhia não pode estar a operar, NÃO PODE VOAR MAIS”! Depois de efetuarmos o obrigatório trabalho de casa, com esforços dos governos regional e central, consultores, auditores, etc., na elaboração do plano de reestruturação, tudo de conseguiu e Bruxelas aceitou”, disse Luís Rodrigues.

 

Discover The World e escritórios de Fall River e New Bedford podem coexistir

Entretanto, nos últimos dias Portuguese Times tem contactado os escritórios da SATA em Ponta Delgada, São Miguel, ao mesmo tempo que vai sendo “alimentado” com fontes da comunicação social em Ponta Delgada e aqui em Massachusetts.
A questão, para além da importância e garantia de manutenção das rotas com a América do Norte (Boston e Toronto), prende-se com rumores de que os escritórios de Fall River e New Bedford iriam encerrar, o que não deverá acontecer, segundo nota dirigida à redação do PT na passada sexta-feira.
Transcrevemos aqui a nota recebida:


“Caro Francisco Resendes
Em resposta à questão colocada durante a tarde de ontem (quinta-feira), relativamente ao mercado norte-americano, o que podemos dizer neste momento, é que o grupo SATA tem a intenção de continuar a investir na operação dos Estados Unidos e que pretende manter pontos de venda físicos acessíveis aos que precisam do seu apoio, designadamente, clientes com menor acesso às soluções digitais. Tal como explicado no encontro realizado a semana passada, a presença da “Discover the World” na operação comercial da Azores Airlines em nada compromete a existência de pontos físicos de venda. Ambos podem coexistir, pois ambos retratam a realidade do mercado em que a Azores Airlines opera”.

 

Bolieiro garante que não haverá despedimentos coletivos na SATA e apoia privatização da Azores Airlines

Entretanto, a edição de 09 de junho do nosso colega Diário dos Açores publica um artigo sobre a transportadora aérea açoriana, onde são abordadas diversas questões, uma delas (que até foi mencionada no encontro dos jornalistas da diáspora com o dr. Luís Rodrigues em Ponta Delgada) tem a ver com o alegado despedimento de trabalhores. O presidente do Governo Regional dos Açores garantiu ao DA: “Em caso algum vai existir um processo de despedimento coletivo”, lembrando que foi definido pela administração da empresa “desde a primeira hora” da elaboração do Plano de Reestruturação. Na base da decisão, segundo Bolieiro, está a avaliação sobre a situação do Grupo SATA: “O problema não estava na despesa, mas sim na receita”, observou Bolieiro, que reforçou a ideia de que a SATA está proibida de envolver-se em negócios ruinosos e a Região está proibida de entrar com dinheiro dos contribuintes para pagar negócios ruinosos.
A outra questão, e que naturalmente mais de interesse para nós aqui deste lado do Atlântico, tem a ver com a privatização da Azores Airlines, que Bolieiro defende e a sustentabilidade da rota para a América do Norte: “Parece que estamos a tomar decisões por via administrativa. E o negócio é que vai fundamentar a opção das rotas. O negócio tem de ser rentável. E o nosso compromisso, e o conhecimento que temos, é que na ligação com a diáspora o negócio é sustentável”.

 

Plano de Reestruturação da SATA aprovado pela Comissão Europeia

Entretanto, a Comissão Europeia (CE) aprovou, na tarde de terça-feira, 07 de junho, o plano apresentado em conceder à SATA um auxílio à reestruturação, no montante de 453,25 milhões de euros. A medida permitirá à empresa financiar o seu plano de reestruturação e restabelecer a sua viabilidade a longo prazo ao “abrigo das regras da UE em matéria de ajudas estatais”. O auxílio permite assim à SATA reorganizar a sua atividade, melhorando as operações e os horários e reduzindo os custos operacionais.
Segundo nota recebida no PT, este apoio assume a forma de empréstimo direto no valor de 144,5 milhões de euros e uma emissão de dívida de 173,8 milhões de euros, num total de 318,25 milhões de euros a converter em capital próprio. Será, também, provisionada uma garantia estatal de 135 milhões de euros, concedida até 2028 para financiamento através da banca e outras instituições financeiras.
O plano estabelece ainda um pacote de medidas destinadas a melhorar as operações e os horários da SATA e redução de custos incluindo a alienação de uma participação de controlo (51%) na Azores Airlines e a alienação da atividade de assistência em escala. A SATA está ainda proibida de quaisquer aquisições e terá um limite máximo na sua frota até ao final do plano de reestruturação.