As elevadíssimas tarifas da SATA

 

Nos últimos dias fomos alertados por um leitor para as elevadas tarifas da SATA na rota Boston - Ponta Delgada - Lajes - Lisboa, sobretudo na chamada “época alta” de verão, que compreende os meses de julho e agosto.
Em primeiro lugar queremos sublinhar que não é nossa intenção, longe disso, censurar de ânimo leve e sem conhecimentos de base (e muito menos boicotar)uma companhia aérea que tem servido ao longo dos anos os açorianos da diáspora exercendo papel preponderante nessa ligação à terra de origem de milhares de forasteiros que vêem nesta companhia a porta de entrada para os Açores e, salvo raras exceções, tem desempenhado razoavelmente esse papel.
É justo reconhecer que, independentemente dos problemas financeiros, e de outra ordem, que tem enfrentado, consequência de péssimas decisões de anteriores gestões, a verdade é que nos últimos dois anos, sobretudo a partir da renovação da sua frota (com a aquisição de cinco novos aparelhos Airbus A321-NEO LR), a transportadora aérea açoriana nas suas operações para a América do Norte (Toronto, Boston e agora New York) tem melhorado a olhos vistos, designadamente na questão dos serviços em terra e a bordo e numa questão muito importante para qualquer passageiro: a pontualidade. As coisas, como se diz na gíria, “afinaram e entraram nos eixos”, particularmente nestes três destinos. Esperemos que continuem assim, como forma de “limparem” a tal má imagem de um passado recente. É que, não é exagero da nossa parte afirmarmos que viajar para os Açores, em certas alturas, era quase como uma aventura, tal o descalabro total verificado.
Contudo, a intenção desta nota é uma chamada de atenção para o Conselho de Administração e, porque não, para o Governo Regional dos Açores, que é ainda o maior acionista da SATA, para que façam qualquer coisa com respeito a este assunto, das elevadíssimas tarifas praticadas atualmente em especial na operação para Boston.
No caso concreto para o mês de julho deste ano, e em certas datas de agosto, a tarifa anunciada ainda antes do inverno de 2022 era à volta de $850 por pessoa ida e volta para Lajes, Ponta Delgada ou Lisboa, registando-se um aumento de cerca de $300 no início deste ano. Esta semana fomos surpreendidos com esta tarifa de $2.367 (12 a 19 de julho), que entretanto, na manhã da passada segunda-feira sofreu novo aumento para $2.731 para as Lajes, Terceira e de $2.725 para Ponta Delgada, por passageiro e tarifa económica. Estamos sempre atentos a esta questão dos preços para a nossa “santa terrinha” aplicados pela SATA e TAP e jamais vimos coisa igual. Assim, brutalmente. Isto é um disparate e, vá lá, uma falta de consideração pelos açorianos radicados na Nova Inglaterra, cuja única opção de ligação direta é a nossa SATA. Sabemos que a operação para Boston é a que movimenta mais passageiros e por conseguinte a mais lucrativa (segundo fontes ligadas à empresa) e até se compreende que pelo facto de ser a de maior procura os preços sejam ligeiramente mais elevados em certas épocas. Funciona assim com todas as companhias aéreas, mas um aumento de 200 por cento num espaço de dois meses é impensável e um disparate.
Quando tanto se fala nos últimos tempos em aproximar os Açores da sua diáspora, da importância e relevância dos açorianos na América do Norte na vida económica, social e política da Região, de atrair e motivar os açor-descendentes a visitarem a terra de pais e avós e até de criar entidades e instituições que reforçam essa ligação isso tem de partir das ideias para a prática. Podemos começar por uma abordagem e política diferentes na aplicação dos preços da SATA para a América do Norte e Boston em particular.
Meus amigos, quem mais contribui para a economia dos Açores continua a ser o imigrante que vai de New Bedford, Fall River, Taunton, East Providence, Bristol, Pawtucket, Toronto, Mississauga e outras localidades. Tenhamos isso em consideração.
É como diz o meu amigo José Cabral, “estou ansioso para visitar a minha querida terra, mas quando vejo os altos preços praticados pela SATA e TAP passam logo as saudades, fico por casa e vejo Portugal pela televisão”.