Eleições presidenciais nos EUA - Sondagens e o voto indireto (Colégio Eleitoral)

 

As eleições presidenciais dos EUA realizam-se dia 05 de novembro constituindo o 60º ato eleitoral presidencial quadrienal. Os norte-americanos vão decidir quem sucederá a Joe Biden tornando-se no 47º presidente do ainda mais poderoso e influente país do mundo. Kamala Harris, apoiada pelo Partido Democrata e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, apoiado pelo Partido Republicano, tendo como vices Tim Walz, governador do Minnesota e J.D. Vance, senador do Ohio, respetivamente, são os candidatos à Casa Branca em Washington, DC.
Há alguns meses e numa altura em que Biden havia anunciado a sua candidatura a novo mandato, Donald J. Trump liderava claramente nas sondagens e intenções de voto em praticamente todos os estados, chegando a atingir uma vantagem de oito pontos percentuais.
Contudo, com a recusa de Biden a um segundo mandato - seguindo as sugestões de algumas figuras da cúpula do Partido Democrata para que desistisse da corrida - eis que a opção natural e evidente foi a atual vice-presidente a candidatar-se ao mais alto cargo deste país.
Não obstante ser considerada uma figura apagada, sem relevância, quase nula e com algumas intervenções a público bem demonstrativas de que está ainda muito “verde”, e com fraco perfil para desempenhar o mais alto cargo do país, a verdade é que a advogada natural da Califórnia trouxe novo fôlego e ímpeto ao Partido Democrata de tal forma que semanas depois nota-se uma reviravolta nas sondagens. Essa tendência foi reforçada no debate presidencial do passado mês de setembro em que, pese o facto de ser um dos mais fracos debates presidenciais a que temos assitido nos últimos 20 anos, Harris demonstrou firmeza, clareza e alguma substância nas respostas perante os temas abordados, contrariamente ao seu oponente, que enveredou pela linha do populismo e da utopia, no meio de algumas (ou muitas) “não-verdades” a que já nos habituou. Um exemplo: há por aí alguém que acredite que a guerra na Ucrânia seria resolvida dois ou três dias depois da sua eventual posse? Ou então, que alguns indocumentados estão a comer os cães e gatos dos americanos?
E mais: Kamala Harris conseguiu recuperar o apoio de grupos eleitorais cruciais para as próximas eleições: reconquistou o apoio das mulheres, dos afro-americanos e dos jovens, eleitores que foram decisivos para a vitória do presidente Biden em 2020, mas haviam afastado-se recentemente. E tem ainda apoio da maioria dos sindicatos, com quem tem restreias relações (mais de 40), o que é muito importante.
Por seu turno, Donald Trump tem também o apoio de alguma classe operária, já sacrificada com uma alta carga de impostos, daqueles que são contra o “establishment” de Washington, de diversas entidades do sector privado, nomeadamente das grandes corporações e naturalmente daqueles que estão descontentes com o atual panorama da vida económica e social dos EUA, sobretudo em matéria de reforço da segurança na fronteira sul com o México, para não falarmos do elevado índice de criminalidade nas grandes cidades e ainda com a fraca influência do país nos cenários de guerra na Ucrânia e no Médio Oriente. Estas são questões que vão certamente pesar na decisão de voto dos norte-americanos.
Outro factor que vai pesar no resultado final de 05 de novembro tem a ver com os estados-oscilantes (“swing states”), que ao longo das últimas décadas têm oscilado entre o Partido Democrata e o Partido Republicano: Pennsylvania, Michigan, Wisconsin, Arizona e Georgia.
Tendo em conta que as sondagens por vezes valem o que valem e na hora do exercício de voto tudo pode mudar, estamos em crer que estas eleições vão ser disputadas taco a taco e não é de admirar se acontecer o que vimos em 2020: uma eleição confusa e caótica com o resultado final oficial a surgir dias depois.
As eleições dos Estados Unidos, como todos sabem, são decididas pelo voto indireto, por meio do Colégio Eleitoral. Os eleitores de cada estado votam para decidir quem obtém o Colégio Eleitoral, cujo número reflete aproximadamente a população de cada estado, sendo 538 votos em disputa e 270 necessários para vencer. O voto popular não decide a vitória de um candidato e já tivemos exemplos recentes: em 2000, Al Gore conseguiu maioria no voto popular mas perdeu no Colégio Eleitoral para George W. Bush, o mesmo verificando-se nas eleições de 2016, em que Hillary Clinton ganhou no voto popular tendo perdido para Trump no sistema de Colégio Eleitoral.
Abaixo publicamos um quadro referente ao Colégio Eleitoral e o número de eleitores em cada estado constituído por senadores e congressistas.