Vivaldo Meneses - mais de sete décadas de música, rádio amador e fundador do programa “Dedilhando a Saudade”

 

Natural da ilha de Santa Maria, Vivaldo Meneses, 85 anos, mudou-se no entanto com a família para São Miguel, ainda na idade da infância, com 7-8 anos de idade, com passagem por Ponta Delgada e posteriormente Ribeira Grande, recordando quando foi construído o antigo aeroporto de Santana, no início da década de 40 do século passado.
Antes de imigrar para os EUA, muda-se com a família para a ilha Terceira, onde o pai trabalhou na Base Aérea das Lajes, onde formou família. 
Imigrou há mais de meio século com a esposa e filhos para os EUA, onde já residia uma irmã em Connecticut. “Já dominava a língua inglesa por ter trabalhado na Base das Lajes e decidi ficar em Somerville, Massachusetts, na área de Boston, tendo mais tarde fundado a Meneses Ironworks, firma especializada em trabalhos diversos de metal e soldadura”, diz Vivaldo Meneses, que recorda o tempo em que os EUA estavam envolvidos na guerra da Coreia.
“A ligação com a música já vem de São Miguel, nos tempos em que residia na Ribeira Grande, onde ainda na tenra idade da infância aprendeu a tocar guitarra com um amigo envolvendo-me com vários outros músicos tendo formado um conjunto musical que apoiava artistas vindos de Portugal Continental e tocou no Osória, um antigo teatro que pertencia à Base Aérea das Lajes”, recorda Vivaldo Meneses, que com o mudar dos tempos e das modas da música, teve de aprender a tocar guitarra elétrica, onde tocava temas de Roberto Carlos, The Beatles e outros famosos da altura... Formámos o grupo Os Seis Latinos, que era constituído por duas vozes femininas, e demos vários espetáculos por São Miguel e outras ilhas, nomeadamente na Terceira e Faial, isto numa altura em que existiam outros famosos e conceituados grupos famosos, como Os Sombras, Ases do Ritmo, Académicos, conjunto de Teófilo Frazão, etc.”, sublinha Meneses, que entretanto foi aprender a fazer rádio e TV. “Sempre gostei disto e recordo que na altura não havia possibilidades financeiras de comprar microfones e então transformávamos os velhos telefones em microfones e era o que havia naquele tempo”, recorda Meneses.
Já nos EUA deu continuidade à sua apetência musical, onde já existiam outros grupos portugueses ali na área de Boston. “Os Ases do Ritmo convidaram-me e decidi aderir ao grupo onde atuámos por várias comunidades lusas aqui da região”, recorda Vivaldo Meneses, que tempos depois deu início a uma carreira a solo, atuando em sistema de play-back, apoiado pelos filhos, que segundo o nosso entrevistado, “foram os pioneiros do play back por esta região”.
Sobre a música que aprecia, esclarece: “Gosto de todos os géneros mas jamais haverá música como nos anos 50, 60 e 70”.

A rádio e a TV
duas paixões de Vivaldo Meneses
“Eu era rádio amador, num tempo em que não havia naturalmente tecnologia apurada como hoje constatamos, mas faziamos o que podiamos e fizemos coisas interessantes”, recorda Meneses, que ainda hoje “dá os seus toques na guitarra”.
A música, para além de ser um passatempo e uma paixão, é ainda motivo para manifestar a sua apetência para fazer bem aos outros em campanhas humanitárias de solidariedade. “Não faço dinheiro com a música, antes pelo contrário, gosto de ajudar pessoas carenciadas e tenho colaborado em diversas campanhas de solidariedade nomeadamente na campanha em favor da organização St. Jude Childrens.
“Dedilhando a Saudade” é um programa de TV que tem assinatura de Vivaldo Meneses e de outros amigos como Tibério Machado, e mais tarde John M. Carreiro, o braço direito de Meneses, que tem filmado vários eventos pela comunidade portuguesa de Massachusetts e Rhode Island.
“O programa começou em 1994, tendo como diretora a minha filha, todos os anos tinhamos um festival e toquei durante vários anos num ambiente de sã camaradagem e salutar convívio”, recorda Meneses, dotado desse espírito de voluntariado em prol da sua comunidade, tal como o seu colega John Carreiro. “O programa era visto em Cambridge e Somerville e mais tarde em Everett e Lowell e tive de abandonar e ficou o meu amigo John M. Carreiro, que, num gesto de grande amigo e de excelente ser humano, recusa assumir a direção do programa enquanto eu for vivo”, confidencia Vivaldo Meneses, que montou o seu estúdio na cave da sua casa. “Naquele tempo tinhamos de trabalhar afincadamente para fazer um programa em condições, não havendo as facilidades de uma tecnologia aperfeiçoada como agora”, afirma, que tem ainda outra paixão: viajar. “Gosto muito de viajar, de conhecer outros lugares longínquos, como Califórnia, Oregon, Carolinas e outros lindos estados dos EUA, para além de conviver em alguns restaurantes portugueses de MA e RI... Gosto de ser ativo e de gozar a vida”, conclui Vivaldo Meneses.

 

(Texto baseado numa entrevista conduzida por Manuel Bonifácio)